BIOGRAFIA
José Saramago, filho e neto de
camponeses, nasceu na aldeia de Azinhaga na província do Ribatejo, no dia
16 de novembro de 1922, apesar de constar no registro oficial o dia 18.
Mas esse não foi o único fato curioso dos primeiro anos de Saramago.
Quando foi registrá-lo, seu pai pretendia que seu filho se chamasse
apenas José da Silva, mas como seu apelido na aldeia era Saramago, a
pessoa encarregada de registra-lo deu ao filho o apelido do pai. Por isso
José da Silva veio a chamar-se Saramago. A “brincadeira” foi
descoberta quando a matrícula de José Saramago da Silva foi rejeitada
porque este não tinha o mesmo nome do pai. O pai de Saramago teve, então,
de mudar de nome (acrescentando Saramago) para que seu filho pudesse
estudar.
Aos dois anos Saramago acompanhou a família à
Lisboa, mas nunca distanciou-se definitivamente da aldeia de Azinhaga. Aos
doze anos, por problemas econômicos, Saramago teve que transferir-se para
uma escola técnica. Se aos onze anos Saramago ganhou seu primeiro livro
de sua mão (O Mistério do Moinho), aos 18 era um frequentador assíduo,
noturno, da Biblioteca do Palácio das Galveias, onde, sem nenhuma instrução,
lê tudo que pode.
Até os 25 anos, quando publicou Terra do
Pecado, seu primeiro romance, Saramago trabalhou como serralheiro,
desenhador, funcionário da saúde e da previdência social. Terra do
Pecado tinha por nome oficial, dado por Saramago, A Viúva, mas
como editor o achou pouco comercial, decidiu muda-lo. Ainda em 1949,
Saramago escreveu Clarabóia, que foi recusado pela editora (esse
romance ainda permanece inédito até hoje).
Saramago só passa a se dedicar exclusivamente à
literatura em 59, quando assume o lugar de Nataniel Costa como editor
literário na Editorial Estúdio Cor. Daí até seu segundo livro
publicado, Os Poemas Possíveis, são sete anos. Esse tempo todo de
silêncio literário (de 1947 até 1966) Saramago atribui a não ter o que
dizer.
Seu próximo livro, Provavelmente
Alegria, saí em 1970, dois anos antes de ingressar no jornalismo. E
dessa passagem pelos jornais A Capital e Jornal de Fundão
que nasce A Bagagem do Viajante, em 1973.
A mudança de Saramago começa a acontecer em
1975, quando é nomeado director-adjunto do Diário de Notícias.
Neste mesmo anos é demitido do diário e toma a decisão que mudaria o
curso de sua escrita: decidiu somente escrever. Nesse tempo, sua única
fonte de renda fixa eram as traduções. No final do ano publica O Ano
de 1993, até hoje seu último livro de poesias.
A partir dos 55 anos a produção literária de
Saramago cresce assustadoramente, se comparada com o que ele escreveu até
então (ver bibliografia). Mas é em 1980 que Saramago dá a maior guinada
da sua vida literária, com a publicação de Levantado
do Chão . Muitos críticos dizem que esse livro é o início
do estilo saramaguiano (escrita barroca, longos parágrafos e uma forma
diferente de construir os diálogos: Saramago elimina os travessões, que
ele diz não haverem num diálogo comum, o que dá uma maior dinámica ao
texto.
Em 1991, Saramago lançou aquela que seria a sua
mais polêmica obra: O
Evangelho Segundo Jesus Cristo . Em 92, o Evangelho foi
indicado para concorrer ao Prêmio Literário Europeu, mas o governos
português, mais precisamente Souza Lara, vetou a sua candidatura, dizendo
que essa obra “não representa Portugal” e que desunia o povo português
muito mais do que o unia. Magoado com a censura da sua obra, Saramago
resolveu deixar Portugal e se mudar para Lanzarote
, nas ilhas Canárias, em 1993.
Todo o processo criativo de Saramago foi
mundialmente reconhecido quando da entrega do Prêmio Nobel de Literatura,
ganho por ele em 1998.
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