24.2.06

Entrevista c/ Negroponte e Castells

O webdesigner Renato Cruz etá publicando em seu blog, entrevistas q fez para
O Estado de S.Paulo. Nesse post, Negroponte e Castells.

13.10.05

Notas

Caríssimos, as notas da disciplina estarão no quadro da Pós a partir de segunda feira. Estarei à disposição nas quintas de 10 as 11 para recebe-los, se quiserem conversar sobre o trabalho. Peço que agendem comigo para confirmar, ok?

Abracos,

Andre

5.9.05

Técnica, processos sociais e formação de professores: o aparato técnico determina a reflexão entre professores em blogs?

Segue o resumo do artigo.

O aparato técnico determina a reflexão entre professores em blogs? São elementos técnicos que constrangem os movimentos de professores em blogs ou o constrangimento é parte de uma ressignificação social em movimento? Estes são alguns questionamentos levantados por este artigo, que visa apresentar elementos que auxiliem na compreensão sobre a influência/interdependência da técnica com o objeto de pesquisa "Reflexão entre professores em blogs", que se apresenta como objeto de estudo de dissertação de mestrado de Adriane L. Halmann, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Bahia, orientada pela Professora Maria Helena Bonilla. Para tanto, este artigo fará uma breve leitura sobre a técnica e as implicações dela com o homem e a contemporaneidade, bem como a relação entre os blogs e a formação de professores, como movimentos histórico e socialmente constituídos.

19.8.05

Uma questão "simondoniana"? Parece que sim !

Lâmpada manda SMS para avisar que queimou

A Fujitsu criou uma tecnologia que, aplicada às lâmpadas, faz com que estas
enviem uma mensagem de texto (SMS) para o celular do usuário, avisando que
estão queimadas e precisam ser trocadas. Onde se encontra? No Japão, é
claro!
O mecanismo é simples: um sinal é gravado numa parte de contato da lâmpada.
Qando a luz queima, o sistema aciona o envio do sinal à Internet usando a
rede elétrica da casa, e em seguida ao telefone do usuário. Que, ao ouvir o
alerta de mensagem, vai ver do que se trata e lê: "Compre uma lâmpada nova
ao voltar para casa".

15.7.05

A Tecnologia Contemporânea: Rupturas e Continuidades

14.7.05

Ciborgues... pelo menos por dentro?

Da ‘Wired’

13.06BB.found.LO.r2.indd

13.7.05

Google Earth

Não sei se já conhecem...mas achei muito interessante.
O software do google, possível com o GPS, diagrama a busca.
Do Terra:
http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI584834-EI4798,00.html

"O funcionamento do programa é bastante simples. Basta "rolar" o globo virtual para chegar aos locais, ou digitar o nome de um país ou cidade em um campo do lado esquerdo da tela. Depois, é possível girar, aproximar ou "deitar" a imagem. O usuário também pode criar locais "favoritos", enviá-los por e-mail e várias outras coisas."

12.7.05

A Ciber-socialidade nas comunidades de desenvolvimento de Software Livre

A proposta deste trabalho é investigar as comunidades de desenvolvimento de Software Livre buscando encontrar (ou não) os principais traços de socialidade (Maffesoli) como o tribalismo, presenteísmo, vitalismo, ética da estética e formismo. Para Lemos (1999), novas formas de socialidade estão surgindo com as novas tecnologias do ciberespaço emergindo aí o que ele chama de Ciber-socialidade. O referencial empiríco deste trabalho será a comunidade de desenvolvedores do projeto GNOME. Tendo como eixo central a discussão sobre a Ciber-socialidade nestas comunidades, buscaremos analisar/discutir/problematizar as seguintes questões:
  • Quem são os principais "atores" nestas comunidades?
  • De que formas estas comunidades fazem uso das tecnologias do ciberespaço (blogs, planets, irc, listas de discussão, wikis, etc) para reforçar vínculos entre os participantes e organizar tarefas técnicas?
  • Se há traços de Ciber-socialidade nessas comunidades, como isso influencia na forma de produção técnica? Como se diferencia do desenvolvimento de software proprietário?
  • O que há de diferente nas comunidades virtuais eletrônicas trabalhando coletivamente em torno da informação aberta em relação à produção técnica moderna? Que novas discussões emergem? Podemos falar em desenvolvimento técnico pós-moderno?

Para o desenvolvimento desta trabalho, buscaremos nos aprofundar na noção de socialidade apresentada por Maffesoli (autor pouco discutido na disciplina) a partir da leitura das suas principais obras. Além disso, faremos uma revisão bibliográfica dos autores discutidos na disciplina Filosofia da Técnica e Cibercultura para trazer a tona a discussão sobre a produção técnica moderna. O artigo "Ciber-Socialidade: Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea" de Lemos também será de fundamental importância para o entendimento da socialidade no contexto das novas tecnologias. Para extrair os dados empíricos para o desenvolvimento da pesquisa, realizaremos a seguintes atividades:

  • Entrevistas semi-estruturadas efetuadas por e-mail ou via IRC
  • Observação de campo não-participante no intuito de obter elementos importantes (eventualmente não previstos) para o desenvolvimento da pesquisa. Esta será realizada através de participação passiva no ambientes de interação (listas de discussão e IRC) dos desenvolvedores das comunidades escolhidas;
  • Observação direta participante. Será efetuada dentro dos próprios ambientes de desenvolvimento dos softwares (listas de discussão e IRC) através da participação ativa (contribuições técnicas e interação com outros desenvolvedores) neste processo junto à comunidade.

SUBJETIVIDADE X CONTEMPORANEIDADE

Pensando no meu artigo... Fiquei impressionado, desde o início das aulas, com o ‘perigo’ de Heidegger e em algumas suposições que fui encontrando, de que ocorreu, em algum momento, uma separação entre arte e técnica... uma ruptura distanciada do conceito filosófico em si, technè, poiésis, mas como reflexo mesmo de um certo deslumbramento – uma certeza – do predomínio de uma outra natureza, a chamada rede de objetos – apontada por Simmel, nas palavras de Francisco Rüdiger.
O ‘perigo’ voltou no final das aulas de André Lemos, em Bartholo, e num outro livro, de Steven Johnson, Cultura da Interface (na disciplina de Giovandro), que indica uma ‘crise da subjetividade’ ou aquilo que Rüdiger/Simmel chama de ‘predomínio dos meios sobre a alma’.
Faço uma conexão disso tudo com o que Johnson pontifica, inicialmente, para logo depois – no parágrafo seguinte – negar em seu livro: TEMOS AS NARRATIVAS QUE MERECEMOS.
Como percebo em todas as mídias, os jogos de computador têm refletido isso, apesar de uma vontade, ainda cosmética, de aprofundamento (totalmente baseada no cinema).

Obs: Pretendo incluir ainda nessa análise os filmes Cidade das Sombras e Sr. e Sra. Smith. Os dois filmes tratam, em instâncias diferentes, desse duelo entre subjetividade x contemporaneidade.

11.7.05

Intenções . Artigo de Lia

O artigo compõe minha tese de doutorado. É o primeiro passo do plano de trabalho que estou discutindo em Seminários Avançados.

Para contextualizá-los, a tese pretende sugerir uma fundamentação teórica para a compreensão e categorização dos gêneros jornalísticos digitais. Trabalho com a análise do discurso, para a qual uma das dimensões extralingüísticas que marcam o sentido do discurso é o ‘suporte mediático’ (Maingueneau).

Os outros critérios de êxito (Maingueneau), aos quais estão submetidas as atividades sociais discursivas são: finalidade reconhecida, que está na dimensão situacional, para Charaudeau; estatuto dos parceiros legítimos, aos quais correspondem determinados direitos e deveres, além de saberes (dia a autoridade do lugar de fala); o lugar e o momento legítimos, as condições do campo (periodicidade, encadeamento, continuidade, validade); organização textual, dos modos de dizer; além do suporte material.

“(...) Uma modificação do suporte material de um texto modifica radicalmente um gênero de discurso: um debate político pela televisão e um gênero de discurso totalmente diferente de um debate em uma sala para um público exclusivamente formado pelos ouvinte presentes. O que chamamos de texto não é, então, um conteúdo a ser transmitido pó este ou aquele veículo, pois o texto é inseparável de seu modo de existência material: mo de suporte/transporte e de estocagem, logo, de memorização”” (Maingueneau, 2002, 68)

O objetivo do artigo é compreender em que nível o suporte condiciona a existência de um tipo específico de gênero que não existiria em outra mídia. Ou seja, em que medida as características da mídia digital (hipertextualidade, multimidialidade, convergência, personalização, interatividade, memória) influenciam em tal e tal gênero do campo jornalístico.

Peso:

1) Relacionar as noções de técnica (saber fazer prático), tecnologia (tecnociência), mídia e suporte (para a AD, o suporte está diretamente relacionado às formas de produção, tradições da profissão, dispositivos próprios às organizações)
2) Pesquisar as noções de mediação e cultura (Barbero). Mais especificamente cultura profissional com ‘saber fazer prático’
3) Relacionar características da mídia digital com as noções de ‘modo de desvelamento’ e ‘tendência´(Stiegler). Se a convergência é uma característica da mídia digital, mas tb é uma tendência, o que pode significar para a ‘vida’ de um gênero?
4) A cultura de uma sociedade e, mais especificamente, de um campo (Bourdieu), como o jornalístico, tem ‘modo(s) de desvelamento’ próprios?
5) Analisar a possibilidade de se dizer pra onde caminham os possíveis novos tipos de gêneros ou ‘textos’.

Proposta de artigo de conclusão da disciplina Filosofia da Técnica e Cibercultura

Falar do meu artigo pressupõe abordar algumas questões sobre meu futuro projeto de doutorado, que propõe investigar e aplicar a Hipótese da Agenda Setting, com ênfase na agenda dos weblogs. Em poucas palavras, a Hipótese da Agenda Setting defende que os meios de comunicação escolhem os temas sobre os quais se fala e se discute, assim como sua importância, sua ordem e maneira de transmiti-los. Em outras palavras, os meios de comunicação elaboram com antecipação uma agenda de trabalho sobre a informação que vão difundir, determinam a importância do que fazem os países e o mundo.
Eles configuram práticas planejadas racionalmente, que têm por objetivo, por exemplo, angariar audiência, provocar impacto e promover debates sobre certos temas etc. Dentro desta perspectiva, deseja-se conhecer até que pontos os weblogs são pautados pela mídia e vice-versa, partindo da Hipótese da Agenda Setting, antes aplicada somente às mídias convencionais, como a imprensa e a televisão. Com as novas tecnologias digitais, pretende-se verificar se e de que modo: 1) os weblogs refletem a agenda da grande imprensa (incluindo aí os portais jornalísticos); 2) os weblogs exercem papéis de vigilância, de opinião pública e de “segunda voz” a respeito dos conteúdos gerados pela imprensa “oficial” e 3) a imprensa oficial também é pautada em boa parte pelos weblogs.
Para investigar tais fenômenos, pretendo analisar de que formas essas práticas se configuram na rede e apontarei alguns problemas e limitações da Hipótese quando aplicada à agenda dos weblogs (já que as condições de produção e circulação de notícias sofrem uma significativa transformação quando inseridas no ambiente digital, em particular, a internet), procurando analisar as dificuldades de uniformização metodológica para investigar tal hipótese, além de utilizar: 1) pesquisa quantitativa para verificar o percentual de weblogs cadastrados em sistemas de indexação que refletem a agenda da mídia em geral; 2) pesquisa qualitativa para analisar em que condições estes weblogs cadastrados em sistemas de indexação refletem a agenda dos media em geral; 3) estudos de caso que analisam como os weblogs pautam e influenciam a mídia oficial; 4) estudos de caso de weblogs que funcionam como suporte de relatos jornalísticos; e 5) entrevistas com editores e repórteres de portais, revistas e jornais, visando a compreender o papel dos weblogs na construção e seleção de notícias.
O artigo vinculado à disciplina Filosofia da Técnica e Cibercultura pretende servir como suporte teórico para o projeto acima, a medida em que visa a analisar, de modo geral, 1) a importância dos suportes técnicos digitais no auxílio à pesquisa acadêmica, bem como as combinações de sistemas de informação que ajudam a propor novos métodos de investigação científica e, particularmente, 2) como os sistemas de indexação de weblogs e de websites – entre eles as tecnologias RSS Feed, Top Links (http://toplinks.idearo.com.br) e Blogdex (http://blogdex.net) - podem contribuir para investigar a hipótese da agenda setting em weblogs e em veículos jornalísticos online.
Criado pelo laboratório de mídia do Massachussets Institute of Technology (MIT), Blogdex é um sistema que indexa os assuntos mais populares do dia comentados por websites cadastrados no sítio, fornecendo diariamente um panorama de notícias “quentes” que circularam na web, independente do idioma. Já a versão brasileira deste sistema – denominada Top Links é dedicada somente aos weblogs.
Através destes dois sistemas, o leitor pode tomar conhecimento sobre os assuntos mais comentados do dia e conectados através de links, provocando assim uma conexão de websites e weblogs além de diferentes idéias e pontos de vista.
Top Links e Blogdex são sistemas que classificam uma série de agrupamentos temáticos ou noticiosos temporários, indexando e hierarquizando, através de links, os acontecimentos relevantes citados pelos usuários de weblogs cadastrados, que selecionam e conectam outros sítios através de seus blogs.
A função destes é permitir que autores e leitores se conectem ou tomem conhecimento a respeito de novos sítios através de assuntos que os interessam. Já os sistemas de indexação de posts (textos inseridos em weblogs) têm sido implantados visando o desenvolvimento de agrupamentos em torno da produção e leitura de weblogs. A idéia de organização de conteúdo (traduzida por nós a partir da palavra content syndication), no contexto dos weblogs é fazer com que o conteúdo de um único post esteja disponível na web num formato conhecido como Rich Site Summary ou RSS. A combinação e a disponibilidade de RSS feeds e softwares, conhecidos como agregadores de notícias (News Agregator), sejam elas pessoais ou vindas de outras fontes, possibilitam que o usuário selecione fontes e origens de seus interesses, através de assinatura.

O artigo será estruturado do seguinte modo:
1) Resumo
2) Introdução - Objetivos
3) Conceituação de a) Hipótese da agenda setting; b) Weblogs; c) Sistemas de Indexação em geral e d) Sistemas de indexação de weblogs e websites.
4) Análise sobre as combinações de sistemas de indexação de weblogs e websites que contribuem para a proposição de novos métodos de investigação da Hipótese da Agenda Setting.
5)Conclusão.

Proposta do Trabalho Final

A proposta desse trabalho é investigar o surgimento do rádio como tecnologia de comunicação com o objetivo de melhor compreender seu posicionamento diante das novas tecnologias de comunicação. Analisaremos o ambiente tecnológico da época, ou seja, o momento histórico do surgimento do rádio sob o aspecto tecnológico, recorrendo ao autor Bernard Stiegler e a obra “La technique et Le Temps” como suporte teórico. Um outro aspecto que iremos abordar o qual trespassa Stiegler é a questão do “Determinismo Sócio-Técnico” de Patrice Flichy, o qual dialogará com as idéias de “tendências técnicas universais” de Stiegler, visando estabelecer um raciocínio no qual um macrodeterminismo tecnológico (universalidade da técnica) será defendido mais como resultante de um processo de negociação entre as tendências técnicas e os usos e apropriações, do que como um produto de um processo hegemônico. O anseio do homem em transmitir a voz humana em longas distâncias esteve presente em locais geograficamente separados, mas unidos por um único desejo. Cabe aqui, também, a idéia de Jean Brun referente à “técnica e do desejo”.

Bom, é uma proposta ainda não definida. Apresento um caminho, não sei se o ideal...

MM

10.7.05

Apropriação e determinismo tecnológico - proposta de artigo

Creio que o meu artigo será sobre as relações possíveis de um dito "macro determinismo" e as "micro apropriações" da tecnologia, estabelecendo uma relação direta dessas formas de apropriação com a ideologia da inclusão digital. Para isso penso dar uma geral em diversos autores da disciplina, buscando diferentes conceitos expostos sobre essas relações entre determinismo e apropriação, para num segundo momento aprofundar tal relação com as premissas que regem os discursos de inclusão digital. Por hora é só... Tenho que definir melhor ainda...

9.7.05

Proposta de Artigo

Pessoal, estou pensando em seguir o caminho abaixo. Aguardo críticas e sugestões que possam colaborar com a construção da idéia.


A usabilidade na compreensão da interface como uma extensão do corpo humano.
A relação do homem com os objetos técnicos remota a suas origens pré-históricas. Mesmo sem perceber, uma interação entre homem e técnica era desenvolvida com o objetivo de alcançar um resultado pretendido. Com a evolução da técnica em direção à atual sociedade digital, novos artefatos tecnológicos foram inseridos nesta relação. O homem se encontra diante de um vasto conjunto de inovações tecnológicas que permeiam seu cotidiano, desde o mais humilde cidadão, que necessita interagir com a urna eletrônica em uma eleição ou mesmo utilizar caixas eletrônicos para sacar o bolsa-família, aos crackers adolescentes que põem à prova todo e qualquer sistema de segurança concebido pelos maiores especialistas no assunto contratados por empresas a peso de ouro. Neste amplo contexto, tendo homem de um lado e o computador de outro, destacamos a importância da interface, como o elemento que propicia que esta interação seja desenvolvida. Neste artigo, buscamos discutir como os estudos em usabilidade podem colaborar para que a interação homem-computador seja "transparente", tornando a interface uma extensão do corpo humano na manipulação de informações binárias e nas diferentes possibilidades de interação presentes no ciberespaço.

8.7.05

A subjetivação dos objetos técnicos: uma reflexão sobre a relação homem-técnica a partir dos Mangás.



“Ah, como o ser humano é inconveniente! Tem fome a cada 6 horas e tem sono a cada 18. O corpo também acumula desgaste. Mas eu quero desenhar e fazer mangás o tempo inteiro! Se eu tivesse a chance de me transformar em ciborgue, eu queria tirar o estômago e implantar um tanque de glicose. Em vez de pernas, queria lagartas como tanques de guerra. Também queria um interruptor de serotonina no cérebro para controlar o sono... Mas, se fizesse isso, eu ia parar de sonhar”.

Yukito Kishiro

Idéias Centrais (e ainda em franco desenvolvimento) para o artigo de conclusão da disciplina:

A evolução dos objetos técnicos a partir das idéias de Simondon e sua relação com a constituição da sociedade tecnológica. O estado atual da tecnologia em contraposição à sociedade pré-tecnológica, passando pelo modo de desvelamento próprio da modernidade, segundo Heidegger, e como isso se mostra presente no imaginário da nossa sociedade. Além disso, um rápido panorama sobre as origens da técnica no processo de embate entre o homem e a natureza até o surgimento da sociedade tecnológica segundo os princípios trazidos por Regis de Morais em “Filosofia da Ciência e da Tecnologia”. Nesse caso em específico, traçando um paralelo que possa embasar uma reflexão a respeito do domínio do homem sobre a natureza e a condição da técnica na contemporaneidade a fim compreender as divergências e convergências entre a modernidade e a contemporaneidade do ponto de vista da técnica.

Após uma síntese de idéias fundamentais acerca da temática, uma análise de questões relativas ao processo constante de artificialização do homem, a cibernética, o híbrido, e o papel da inteligência artificial na constituição de objetos técnicos autônomos capazes de aprender e de constituir um pensamento simbólico que representa, ao meu ver, a concretização de um projeto voltado para a subjetivação máxima, ou para a naturalização extrema dos objetos técnicos através de uma perspectiva próxima às idéias defendidas por Simondon em “Du Mode d’Existence des Objets Techniques”.

Os quadrinhos (a princípio) escolhidos como objeto da reflexão trazem em seus argumentos questionamentos próprios de uma sociedade que tenta compreender o seu destino diante do irrefreável desenvolvimento tecnológico. Em jogo, o embate entre o homem e a natureza, através da técnica, e as conseqüências dessa relação ambígua e tão essencial à própria existência do homem sobre a terra, e a evolução da tecnologia como resposta a demandas latentes rumo ao aparecimento de verdadeiras linhagens tecnológicas que ocultam soluções em estado de potência. No fundo, uma substituição da visão antropocêntrica por um cenário em que a técnica aparece como elemento catalisador do desenvolvimento humano e da satisfação das suas mais diversas necessidades de sobrevivência sobre a terra e os limites que nos colocam passíveis de extermínio.

Referencial Básico:

Lemos, A. (Cibercultura).
Heidegger (La question de la Technique).
Moscovici (La société contre nature).
Leroi Gourhan (Le Geste et la Parole).
Regis de Moraes (Filosofia da Ciência e da Tecnologia).
Rudiger (Introdução às Teorias da Cibercultura).
Simondon (Du Mode d’Existence des Objets Techniques).

Por enquanto isso é tudo o que tenho. Estou consciente que preciso controlar a ansiedade, estreitar os meus caminhos e deixar de fora algumas inquietações por conta do escopo do trabalho, e estabelecer um foro mais preciso. Além disso, queria pedir a ajuda de vocês para selecionar o referencial bibliográfico... Aguardo sugestões e comentários.

Ainda nesse final de semana começo a delimitar melhor essas questões mas não pude conter a vontade de pescar algumas sugestões por ai...

ODISSEIA DIGITAL – inatingível mundo mágico ?



Estou tentando agenciar algumas idéias pra produzir o ensaio da disciplina. Vamos lah:

Os fluxos bioquímicos na intimidade dos genes revelam maquinismos mágicos que operam em linguagem binária. A lógica é digital como os fluxos nos chips de silício, seguindo distintas “linhagens tecnológicas” em linhas de códigos na linguagem das máquinas que conversam entre si e com humanos? Como afirmam Deleuze e Guattari “são sempre fluxos o que seguimos”. Dos dígitos da mão humana, desde o sílex nasce a cultura de um mundo mágico conectando o córtex cerebral ao cosmos sideral? Através desses mesmos dígitos, signos partem de teclados, numa dança das teclas e alcançam o fantasmagórico ciberespaço. Deslocados das distâncias infinitas das suas origens trafegamos velozmente como entes quase humanos ou pós-humanos, afastados do humanismo que nunca existiu? Buscamos voltar ao universo mágico e mítico, no qual havia uma comunhão homem, ambiente, objetos técnicos e cosmos? Seria essa a odisséia enigmática do homem pós-moderno? Mobilizado pelo pensamento do Simondon, em nosso último encontro na disciplina, e inspirado no Stanley Kubrick, pensei em produzir um ensaio, seguindo o caminho que iniciei nesse parágrafo, resgatado algumas inquietações que me provocaram a escrever alguns posts nesse blog. Pretendo escapar das abordagens reducionistas e antropocêntricas da relação homem-técnica via “linhas de fuga” inauguradas pelo pensamento de Bergson, Simondon, Deleuze, Guattari, J. Ellul, M.Serres entre outros autores, com o objetivo de contribuir com a problematização das questões relacionadas à tecnicidade contemporânea. Buscarei me apoiar em alguns elementos dessas abordagens para realizar uma leitura das políticas, discursos e ações cotidianas relacionadas ao uso e desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação pela sociedade contemporânea. Acho que eh isso...Deu pra entender pessoal? Aguardo sugestões e críticas também são muito bem vindas...

Proposta para o artigo

Olá,
Abaixo segue a proposta do artigo pra colocar na roda. É algo preliminar que ainda precisa ser pensando e amadurecido. Então, críticas, sugestões e porradas são bem vindas... :-)
abrs
Sivaldo
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Técnica, política e contemporaneidade:
novas tecnologias da comunicação, uso, apropriação e desvelamento democrático


O objetivo do artigo é demonstrar como projetos e discursos sobre as potencialidades políticas das novas tecnologias da comunicação podem se basear em uma noção "positivada" da técnica como desvelamento da participação democrática. Neste sentido, boa parte do discurso estatal, mais fortemente os projetos de inclusão digital, parecem incorporar esta característica como premissa. Em linhas gerais, os problemas centrais são: como o discurso governamental trata a potencialidade das tecnologias da informação e comunicação enquanto elemento transformador de uma realidade política a partir da idéia de inclusão digital ? Num parâmetro normativo, o que significa "ser incluído" do ponto de vista da participação política e que tipo de conceitos em relação à idéia de " técnica" a esfera governamental tem adotado ?

A proposta do estudo é tomar como corpus empírico o programa de inclusão digital do Estado da Bahia. Tratando-se de um artigo direcionado para uma disciplina de Filosofia da Técnica, a preocupação será em problematizar os conceitos e noções deste discurso. Não consistindo em estudo de recepção dos efeitos pragmáticos deste projeto.

É possível elencar algumas hipóteses que este trabalho tenta analisar:
  1. A construção desse modelo de projetos inclusivos vê a técnica (especialmente as Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs) como um modo de desocultamento de uma potencialidade política inerente nas relações sociais prontas para serem trazidas à tona a partir da disponibilização dos aparelhos comunicacionais das TICs;
  2. Se compreendermos o problema de participação democrática como algo que vai além do aspecto comunicacional e não se exauri nele, o sentido de "desocultamento democrático" - implícito nestes projetos de inclusão digital - pode estar dando soluções parciais de caráter "instrumental" (e não substancial) aos problemas de participação política na relação entre governo e cidadão – via TICs;
  3. Se partirmos do pressuposto de que as novas tecnologias da comunicação não são inerentemente democráticas e sim, essencialmente caracterizadas por uma "elasticidade de controle" (ou seja, a possibilidade de existir tanto uma hierarquização e rigidez por um lado, e autonomia e fluidez por outro por parte do agente, seja ele cidadão, estado, movimentos sociais, instituições etc) , os programas de inclusão digital podem direcionar e provocar "enquadramentos" do cidadão dentro de uma visão limitada das potencialidades políticas destas TICs;
  4. Isto pode sedimentar uma noção de participação "planificada" em parâmetros pré-estabelecidos, onde o discurso sobre o que é ser "incluindo" nestas TICs servirá menos como uma participação efetiva e mais como uma domesticação de públicos com base no discurso tecnocrático;
  5. É provável que um modelo de inclusão digital só possa ser efetivo, em termos de participação política, se for concentrado na noção de apropriação - conciliado-a com o crescimento de uma ethos político em torno desta apropriação - e não noção no uso.

    A proposta é estruturar o artigo em quatro partes. A primeira seção seria dedicada a levantar os principais aspectos conceituais da noção de techné, técnica e tecnologia, apontando noções filosóficas e históricas destes termos. Num segundo momento, o trabalho se concentraria em traçar alguns momentos na história onde a tecnologia da comunicação aparece como um modo de desvelamento das potencialidades políticas e democráticas. Na terceira parte, o estudo irá propor a distinção entre o conceito de "apropriação" e "uso" técnico. A última seção seria direcionada ao estudo de caso do programa de inclusão digital do estado da Bahia, sobre a luz das questões e dos elementos postos nas três seções precedentes.

5.7.05

Meios modelam os fins? São SÓ meios?

Refletindo sobre as discussões da disciplina e o andamento de minhas coletas de dados da dissertação, me deparei com uma série de inquietações. Bom, estou dirigindo meu olhar para diários eletrônicos (weblogs) onde acontecem reflexões de professores sobre suas atividades docentes, tendo visto que estes meios podem favorecer a reflexão coletiva e construção de objetos cooperativos. Porém, tenho notado que estas reflexões e construções acontecem dentro das possibilidade/limitações do site, que serve de suporte e acaba “moldando” o produto ali gerado. É sempre bom lembrar que os blogs não foram criados para isto, mas os homens, em sua capacidade investigativa e criativa, provocaram uma ressignificação, às vezes mudando os servidores de blogs e indicando, em um processo coletivo e historicamente situado, limitações e possibilidades. Sendo assim:
? É a capacidade humana de ressignificar as técnicas que gera seu desenvolvimento?
? Se for assim, é as técnicas que melhoram a vida das pessoas, ou as vivências das pessoas que propulsionam o desenvolvimento das técnicas?
? Desenvolvimento das técnicas ou dos homens (?será que podemos dizer que os homens evoluem por já nascerem na sociedade com tal desenvolvimento da técnica e tecnologia? Será que podemos dizer que máquinas evoluem ao acréscimo/remodelagem de pensamento humano?)?
Inquietações...

4.7.05

Societe pour la Philosophie de la Technique

Societe pour la Philosophie de la Technique

« La Société pour la Philosophie de la Technique, fondée en 1991, a pour but d’aider à la communication, au débat et à l’échange entre enseignants, chercheurs, praticiens et étudiants convaincus de la centralité du phénomène technique et de l’importance de l’envisager dans une perspective philosophique ».

27.6.05

determinismos...

"Technological, social and biological determinism, which present themselves as antinomies of each other, are all instances of the Western obsession with the question of causality". Tentando refletir um pouco sobre as questões de determinismo, e sobre um macro-determinismo tecnológico, o texto de Menser e Aronowitz da próxima aula traz alguns pensamentos interessantes, analisando as relação pelos estudos culturais, como objetos complexos, que necessariamente não têm a sua construção de forma linear ou pela causa/efeito. Mas para poder prosseguir nessa linha de pensamento creio que será interessante ler a continuação do livro... Quem é o sujeito da ação? Quem determina?

Dominique Wolton, no seu livro "Internet, e Depois?", fala que "realizar pesquisas entre os receptores e os usuários é sempre a maneira para encontrar a margem de manobra que os indivíduos, e de uma forma mais geral os povos, inventam para se manter a distância das técnicas". Essa seria uma frase de apoio ao macro-determinismo técnico, que num segundo momento joga com as (micro) apropriações? A técnica seria o todo, e aos indivíduos caberia a margem para poder manobrar? Mas, essa distância das técnicas que Wolton apregoa dá mesmo para acontecer ["sociality has been technosociality for quite a while, and how would one substantiate the claim that those cultures without technologies are 'more social' than our?" (Menser e Aronowitz)]? Não seriam formas diferentes de apropriação, mas numa vida repleta de técnicas?

Melhor continuar refletindo por aí...

22.6.05

Reprovação por Faltas

Comunico (e quem tiver contato pode avisar também) a Adriane e a Debora que ambas estão reprovadas por faltas (o máximo é de 5 dias ausentes). Adriane tem 5 e Débora 6. Thiago Souza está com 4 e mais uma estará também reprovado.

André Lemos

21.6.05

Passeando por ai...


Ainda referente aos meus últimos posts, queria deixar o registro de alguns projetos (aparentemente) simples e curiosos que atestam um constante esforço em naturalizar os objetos técnicos, atribuindo a esses, status de seres animados.
E segue o homem tentando fazer da técnica a sua imagem semelhança...

Vale a pena conferir!

Versão demo do V Host (text to speech):
http://www.oddcast.com/home/products/tts.html

Um desafio com o Darth Vader: http://sithsense.com/flash.htm (demora um pouco de carregar, mas é interessante).

O excelente site da banda britânica Radiohead: http://www.radiohead.com/

E, por fim... Uma noticia que resume bem essa discussão...
http://tecnologia.uol.com.br/ultnot/2005/06/09/ult2870u15.jhtm

16.6.05

Takes Metálicos do Planeta Fogo



Apenas para lembrar, nas lendas da mitologia grega o homem e as artes nascem do fogo de Prometeu. Fogo esse que foi roubado dos deuses, e por causa de tal ato a humanidade é punida pela fúria dos deuses. Podemos buscar um pouco de inspiração nessas lendas pra pensar sobre o imaginário do homem frente as técnicas, desde os tempos idos e discutir um pouco sobre as concepções da relação homem-técnica. O foco aqui passa a ser o filo maquínico com ênfase no papel dos metais na evolução dos objetos tecnicos, como defendem Deleuze e Guattari em Mil Platôs. Tem também dois textos interessantes que usei para referenciar essa primeira parte do post. O primeiro Inteligência Artificial - Mito e Ciência, no site Universia Brasil. O segundo sobre o deus Vulcano no Sistema de Pesquisa Mitológica em Hipertexto numa área do site sobre mitologia greco-romana. Vamos então...

"Segundo Hesíodo, Prometeu roubou o fogo dos deuses do céu (...), para animar o espírito do homem de barro por ele feito, sendo pois pai do género humano. Dá ainda o fogo ao homem, que com ele molda os instrumentos. Pandora é construída como um autómato a partir do barro por Hefasto, deus grego do fogo, dos ferreiros e da arte...deus dos vulcões, do fogo, da forja, das indústrias, das artes metalúrgicas e de todas as matérias fusíveis, filho de Júpiter e de Juno...ele montou a sua forja na cratera de um vulcão, e se ocupava de modelar obras de arte. Segundo se diz, das suas forjas subterrâneas provinha o fogo espalhado pelas crateras vulcânicas, enquanto que o ruído assustador dos terremotos era atribuído ao trabalhar das suas vastas oficinas...ele montou a sua oficina, onde forjou os raios de Júpiter, o carro do Sol, a couraça de Hércules, o palácio dos deuses e muitos trabalhos de arte. Além disso, modelou a primeira mulher, Pandora, a quem animou, dando-lhe, por alma, uma fagulha do fogo celeste."

Na metalurgia, o elemento fogo é fundamental. O calor da fornalha compõe a alquimia que fala a linguagem do metal, forjando-o junto a outras tantas forças, tranformando-o junto a tantos outros materiais. Há uma afinidade profunda entre o fogo e o metal. O metal fala a linguagem do fogo, assume a cor e o calor do fogo. Transmuta-se em luz. Fogo, metal e luz, corpo e alma do planeta? Um mundo tecnocientífico, entrecortado por veículos termodinâmicos, lâmpadas incandescentes e bits que percorrem redes metálicas, partindo de estações de silício e outros metais.

O Núcleo da Terra, como uma grande mente incandescente e vigorosa guarda na memória metálica a história do planeta. Brotando das profundezas do Núcleo da Terra, mecanismos e fluxos metálicos movimentam-se incessantemente, energias e materiais se libertam, compõem a superfície, ganham o solo,a atmosfera, e a magnetosfera. Compõem as águas, de onde "seres metálicos" mergulham na "Têmpera". Compõem a vida orgânica, a "mecanosfera", e a "tecnosfera". Bombardeados como estamos pelas tempestades e ventos solares que partem da cromosfera do sol. Conectados como estamos pela ionosfera terrestre que reverbera nossas conversas planetares. Compõe o homem, sua cultura e tantas outras "feras" o metal e o fogo criadores e criaturas em fluxos incessantes?

Tem-se no entanto dito muito sobre a água como elemento costituinte principal do planeta. Não deixa de ser, de fato. Na arte, por exemplo encontramos a bela poesia musical do nosso Guilherme Arantes que consagrou a Terra como Planeta Água. Seguindo alguns fluxos, takes e cenas do cotidiano urbano tenho pensado se não vivemos a muito num "Planeta Fogo"! Talvez mais para "Metal contra as Nuvens" do Renato Russo:......metal, raio relâmpago e trovão...metal quem sabe o sopro do dragão... Nada contra a poesia ecológica das baladas ingênuas ou mesmo a favor do gênero musical metálico. Apenas fluxos que busco compreender, provocados especialmente por nossos encontros de terça, na disciplina e leituras consequentes. Vejamos, então...

Ainda estou meio que seguindo um tal phylum maquínico ou linhagem tecnológica propostos por Deleuze e Guattari, em Mil Platôs. Os autores afirmam que:

"O Phylum Maquínico é a materialidade natural ou artificial, ou os dois ao mesmo tempo, a matéria em movimento, em fluxo, em variação, como portadoras de singularidades e traços de expressão(...)Daí decorrem conseqüências evidentes: essa matéria fluxo só pode ser seguida."

Então, mantenho-me olhando para os fluxos da cidade, seguindo-os, pra ver se consigo flagrar takes que reforcem tais proposições, entre as quais aquelas, nas quais os autores defendem que "Tudo não é metal, mas há metal por toda parte...O metal é o condutor de toda a matéria." Nossas cidades cosmopolitas erguidas sobre estruturas metálicas, veículos terrestres, embarcações e aeronaves metálicas em fluxos, cada vez mais velozes. Projéteis velozes, metais quentes que impõem o poder.

Imersos numa magnetosfera. Auscutando o cosmos com gigantescos perceptores.Olhando o infinito com olhos telescópicos. A força que nos movimenta corre em veias e artérias metálicas. Um império nômade de seres e objetos? Determinado intimamente, molecularmente pelo continuum tecnológico evolutivo, por agenciamentos maquínicos complexos e itinerantes de matérias e energias, desde o silex, sabres, espadas e chips? Uma mente oculta metálica? Maquinismos? O monolito enigmático do Kubrick?

Passei hoje por aquela avenida chic que me provocou a escrever o post "Assim voa a Humanidade". De novo o outdoor "Velox você Voa" continuava lá com aquele simulacro de adolescente patético, caindo, sorrindo e olhando impassível pra quem passa na avenida. Estava apressado, acelerava meu carro insistentemente e tentava driblar os obstáculos do trânsito caótico da cidade. Pensei que, por isso talvez não pudesse avistar o tal homem rastejante da avenida com a perna quebrada e trespassada por fios metálicos do suporte ósseo externo, que havia visto da outra vez contrastando radicalmente o take veloz do outdoor do velox.

A minha frente um carro freou e desviou bruscamente em direção ao passeio, me fazendo frear e desviar rápido. A fração de segundos que transcorreu esse novo take da avenida não impediu que percebesse uma cena bizarra! O brilho cintilante de uma moeda que foi atirada pelo motorista do carro da frente, brilhando sob o sol da tarde e numa curta trajetória parabólica, deixava uma espécie de rastro metálico (talvez um feixe de takes sucessivos e vivos)e finalmente alcança o seu alvo: as mãos do homem rastejante, aquele que havia encontrado dias atrás, o qual me deixou consternado com a sua condição motora insuficiente – ante-perna perfurada por fios metálicos do suporte ósseo externo . Isso mesmo! Encontrei o dito cujo ali. O semáforo estava fechado e assim pude vê-lo se arrastar no seu rústico veículo sem rodas, sorrindo, catando as moedas de esmola que os motoristas sensibilizados atiravam. Pude ver sua habilidade ao se movimentar com desenvoltura, agradecendo as esmolas atiradas e pedindo mais, enquanto chamava também a atenção dos pedestres.

Da primeira vez que o avistei tinha percebido que apenas olhava com um olhar sofrido e distante para os carros que passavam em velocidade. Hoje percebi que dialogava com os carros e seus condutores. Sim, havia um diálogo entre as distintas velocidades dos que voam na avenida com os que se arrastam. Um diálogo entre os veículos cintilantes, moedas voadoras e fios metálicos de suportes ósseos. Uma estranha relação de exclusão/inclusão e submissão. Submissão à velocidade dos veículos metálicos, à moeda metálica da esmola. Uma espécie de magnetismo esquisito entre os fios metálicos que perfuram a carne dos excluídos da velocidade e a liga metálica que constitui a concretização do pseudo-ato solidário da esmola metálica - a moeda? Ainda com esses novos "takes metálicos" da vida urbana na memória, parando em outros semáforos dos caminhos da cidade, tentei relacionar o comportamento dos meninos e meninas que limpam vidros dos carros que param, justamente nos semáforos.

Mas uma vez, me toma de assalto aquela proposição da submissão dos excluídos da velocidade, que elaborava anteriormente. Parados nos pontos de paradas e pedindo metais para tentar sobreviver, os meninos e meninas das ruas se humilham à frente dos veículos metálicos velozes. Estamos todos seguindo fluxos materiais, energéticos, maquínicos, metálicos? Há um macro-determinismo da técnica contemporânea – tecnociências nesses takes da vida real?

No trânsito da cidade pode-se perceber o ritmo da vida. Um amigo me falou que se pensarmos bem, nada justifica a necessidade do atual projeto de automóvel, argumentando que tais máquinas são excessivamente pesadas e consomem um absurdo de energia pra transportar massas relativamente pequenas. Talvez ele tenha razão, ai podemos resgatar aquela nossa discussão na disciplina sobre a velocidade que tais veículos podem alcançar(300 km/h). Precisamos dessa velocidade nas cidades? Há uma certa autonomia das máquinas?

Outro amigo me falou essa semana, em tom irônico que sua sogra teria quebrado a perna e que a intervenção médica foi substituir partes ósseas por titânio. Comentou que a perna dela ficou bem melhor, mais forte. Lembrei da legião de pessoas que usa equipamentos metálicos imbutidos no corpo...

Tem um take literário de Elie Faure, sobre povos itinerantes da índia – trabalhadores do granito, citado por Deleuze e Guattari em Mil Platôs que gosto muito, pois me provoca a criar outros tantos takes na busca de acomodar ou atiçar algumas inquietações provenientes da percepção desses contextos evolutivos das “formas vitais” e “vidas orgânicas”. O texto sobre a Índia metalúrgica segue assim:

“Á beira do mar, no limiar de uma montanha, encontravam uma muralha de granito. Então, entravam no granito, viviam, amavam, trabalhavam, morriam, nasciam na obscuridade, e três ou quatro séculos depois saíam novamente, a léguas de distância, tendo atravessado a montanha. Atrás deles deixavam a rocha vazada, as galerias cavadas em todos os sentidos, paredes esculpidas, cinzeladas, pilares naturais ou factícios escavados, dez mil figuras horríveis e encantadoras. (...) O homem aqui consente, sem combate, a sua força e a seu nada. Não exige da forma a afirmação de um ideal determinado. Ele a extrai bruta do informe, tal qual o informe quer. Utiliza as cavidades de sombra e os acidentes do rochedo.”

Invoco takes vivos do real numa “viagem ao centro da Terra” pra lembrar da massa líquida em altíssima temperatura composta de Níquel e Ferro – NIFE. Nascente-mor de erupções vulcânicas, do magnetismo terrestre, das danças vigorosas de placas tectônicas, fúrias de tsunamis e outros tantos fenômenos naturais. Planeta Água? Planeta Metal ou Planeta Fogo? Um metalurgia genuína do planeta, casamento metal-fogo, seria também o nascedouro da metalurgia antropológica - artificial?


E isso seria o transcurso evolutivo dos múltiplos e complexos maquinismos moleculares, entrando em cena numa simbiose com a vida humana? O casamento do capitalismo com as tecnociências, gerando filhos pródigos: bioengenharia e tecnologias digitais da informação e comunicação? Homens, Além-Homens? Cyborgs ou Pós-humanos?

Enquanto conjeturamos aqui, esses bits que acessamos passeiam por veias metálicas ou eletromagnéticas da rede, visitam satélites e pontos de presença e provocam outros tantos takes, de maneira que paradoxalmente não temos condição de seguir seus fluxos como propõem Deleuze e Guattari. Mas podemos flagrá-los em nossas estações e interfaces (semáforos digitais?), fingindo que estão estacionados.A propósito, essa é uma nova versão do post que publiquei provisoriamente anteriormente...

Como tem dito o Manuel Castells: “O poder dos fluxos é mais importante que os fluxos do poder”.

Então...sigamos os fluxos! Eh isso...por enquanto take final (de novo o velho Russo): reverberações das cordas metálicas das guitarras, contrabaixo e pratos da bateria em simbiose com a voz de um ser cantor perturbam o sistema, martelam as bigornas e estribos labirínticos. De onde nascem as subjetividades – tecidos de novos takes melodiosos: ...mudaram as estações, nada mudou...

13.6.05

Filo maquinico?

Vi o texto q PC se refere ali em baixo (O Filo Maquinico - por uma nova filosofia da natureza) e fiquei curiosa com uma parte q fala
"Chegamos assim a uma visao nao-antropocentrica, nao-humanista (teorica), decorrente dessa ontologia realista e materialista, onde se desenha uma nova filosofia da natureza. Aqui, homens e maquinas se equivalem e se hibridizam por meio de interfaces multiplas e imersivas"

Diria diferente - homens e maquinas se hibridizam e inteferem nos olhares e fazeres sobre o mundo, com centralidades que se movem (giram, dancam...) para alem do real...

que dizem?

12.6.05

A subjetivação dos objetos técnicos.


Diante das inquietações que me perseguem desde as últimas aulas (e dos últimos posts) senti uma imensa necessidade de organizar as minhas idéias e rever a minha compreensão sobre os temas abordados, convido a todos que contribuam com as suas impressões, sobretudo a respeito dos últimos textos, para que possamos realizar essa tarefa em conjunto...

Vamos lá...

Quando acompanhamos Simondon discorrer sobre o modo de existência dos objetos técnicos, defendendo a subjetivação dos artefatos como um processo paralelo à artificialização do homem, nos sentimos impelidos a considerar como extremamente plausível a trajetória desses objetos técnicos rumo a um estágio próximo a autonomia.

Segundo o autor, se compreendi bem, com o surgimento da indústria, os objetos técnicos passam a desenvolver-se de maneira independente ao capital intelectual da sociedade (o meio interior). Há a idéia, portanto, de que a técnica vai atuar exatamente na interface entre a natureza primitiva e a cultura, sendo que essa primeira representa uma esfera exterior ao homem. Nesse contexto, o homem abandona a condição de ator e passa a ser um mero operador de um conjunto maquínico que beira a autonomia, ou, ao menos, caminha a passos largos para isso. De certa maneira, parece consenso que de alguma forma, os objetos evoluem segundo uma lógica própria.

Ao elaborar o que temos considerado como a ”psicologia dos objetos técnicos”, Simondon desenvolve uma compreensão aprofundada sobre o processo evolutivo dos artefatos, de onde surge a noção de que a superação da tecnologia está embutida nas tecnologias superadas, como se houvesse uma requisição constante da própria técnica pelo seu amadurecimento e superação, num processo de constante reivindicação de novos desdobramentos. Nesse sentido, a evolução dos objetos técnicos parece não depender da exterioridade que os cerca, pois traria as suas potencialidades, suas latências, impressas na sua própria constituição. Para o autor, a invenção existe em potência desde um estágio anterior à invenção, e, embora a compreensão do objeto só possa existir a partir da sua presença, a sua lógica está presente no seu estado primeiro.
Agora, quanto a questão dos determinismos...

10.6.05

Espadas, Sabres e Filos Maquínicos



Tenho buscado abordagens das relações homem-técnica que avancem além das visões antropocêntricas e por vezes reducionistas de um fenômeno que talvez mereça um olhar mais cuidadoso em vista da sua complexidade e relevância contemporânea. Pode ser impressão minha mas, não pude deixar de perceber um certo ar de espanto pairando no ar, em nossos encontros de terça, quando o André se referia às concepções ontogenéticas e evolutivas da técnica propostas pelo Simondon. Seria assustador conceber que a técnica possui linhas evolutivas distintas, embora imbricadas com a evolução cultural do homem? Realmente, é desafiador andar por esses campos minados de antropocentrismos, surrealismos e existencialismos. Talvez precisemos experimentar aquele giro de 180º necessário para se compreender a "Fita de Moebius" e as suas múltiplas dobras possíveis e desconhecidas. Será que precisamos descer do nosso suposto pedestal de pseudo-soberanos da biosfera para compreender um pouquinho as dinâmicas dos maquinismos que nos incluem talvez apenas contigencialmente nos agenciamentos sociotécnicos?
Parafraseando o Thiago, a nossa relação feitichizada de "amor e ódio" com a técnica pode não ser a única forma de percebe-la e isto me parece bastante promissor. Em Mil Platôs, por exemplo Deleuze e Guattari propõem o conceito de linhagem tecnológica ou continuum tecnológico. Referindo-se historicamente a metalurgia na produção de armas nômades, os autores diferenciam as linhagens de sabres e espadas e propõem o conceito de Phylum Maquínico. Assim, reforçam a tese da imbricação complexa homem-máquina afastando-se de abordagens atropocêntricas. Achei numa wiki interessante: O Filo Maquínico – por uma nova filosofia da natureza, publicada por um tal Abel Reis, elementos que sustentam o que tento defender aqui nos post. Vejamos :

A visão dominante do pensamento humanista sobre homens e máquinas, que se alastra para o senso comum, enuncia-se como:

a tecnologia e as máquinas são uma maravilhosa conquista da humanidade que resulta da nossa capacidade de dominar a natureza e fazer progredir a sociedade ou ao contrário:
a tecnologia e as máquinas estão levando a humanidade a um desvirtuamento da condição humana, onde corremos o risco de sermos dominados num futuro não tão distante.

Em ambos os casos, o que se percebe é uma visão das máquinas como extensão, prolongamento do corpo e da mente, resultado da história humana e das habilidades dos humanos. Mas esse é apenas um ponto de vista. Há outro possível como indica [FERR04] ao citar o Anti-Édipo de D+G (Deleuze e Guattari):

“Não se trata mais de confrontar o homem e a máquina... mas de fazê-los comunicar para mostrar como o homem forma peça com a máquina, ou forma peça com outra coisa para constituir uma máquina. A outra coisa pode ser uma ferramenta... ou outros homens.” [FERR04, 4]

D+G (Deleuze e Guattari) não ficam por aí e elaboram um novo conceito: o de phylum maquiníco(1)

“Partimos não de um emprego metafórico da palavra máquina, mas de uma hipótese sobre a origem: a maneira como elementos quaisquer são determinados a formar máquina por recorrência e comunicação; a existência de um ‘phylum maquínico” [FERR04, 4]

Máquinas emergem e conformam-se na circulação de fluxos de energia-matéria-informação em seu corpo (sem órgãos). Esse fluxos desestratificados são “lava, biomassa, genes, normas, moeda... em escalas de tempo e espaço inteiramente relativas” a circular em diversas esferas como a história humana, a atmosfera (ex.: furacões), a genética, as cidades, as linguagens e outros infinitos corpos sem órgãos.

Importante: a regulação de intensidade em cada parâmetro (energia, matéria, informação), que pode ser igual a 0 (zero), é que determina a dinâmica e a estrutura que será gerada(2).
Dessa forma, o filo maquínico(3) é o acontecer de uma linhagem evolutiva própria, inanimada (como as pedras e os aviões), que atravessa e é atravessada pelas linhagens evolutiva da biologia e da história (esta sim própria do ser humano), e que se concretiza em ferramentas e máquinas desde já agenciadas em novos maquinismos.

Essa ontologia que procura entender a gênese das formas geo-bio-culturais [LANDA97] com base em fluxos imanentes (de energia-matéria-informação), permite-nos pensar o homem não como comandante da Evolução, mas como agente circunstancial inserido numa proliferação de maquinismos [GUAT01, 42] em que “a própria idéia de natureza autônoma é fruto de maquinismos específicos” [FERR04, 6].

Assim a uma visão não-antropocêntrica, não-humanista (teórica), decorrente dessa ontologia realista e materialista, onde se desenha uma nova filosofia da natureza.
Aqui, homens e máquinas se equivalem e se hibridizam por meio de interfaces múltiplas e imersivas [BEIG05].

Quem se interessar por esse tema vale visitar o texto original dessa wiki, que também traz referências muito interessantes, das quais destaco o artigo de Pedro Peixoto Ferreira, “Máquinas Sociais: O Filo Maquínico e a Sociologia da Tecnologia”.

Tudo isso têm me incentivando a reler o volume 5 de Mil Platôs, entre sabres, espadas, nômades, rizomas, filos maquínicos e agenciamentos. Quem sabe nos ajude a entender as "viagens" do Simondon?

Eh isso...vamos indo !

9.6.05

Tamagochis e máquinas de calcular.

Leroi Gourhan já havia dito que o homem é a técnica. Cabe perguntar: a técnica pode ser o homem?

Essa problemática está presente com grande constância no pensamento contemporâneo, especialmente no cinema, em filmes como “2001: uma odisséia no espaço”, “Blade Runner: o caçador de andróides”, só para ficar em alguns clássicos, além de “Eu-Robô”, a animação “Robôs”, lançados mais recentemente, e o interessante “Inteligência Artificial”.

Depois da aula de ontem, venho pensando algo a respeito...

É muito antiga a discussão sobre a mecanização dos processos de trabalho, a substituição das atribuições laborais pela máquina, e o conseqüente fechamento de postos de trabalho através da automação industrial ou coisa que o valha, mas, nesse caso em especial, a polêmica vai muito além disso. Trata-se de uma reflexão sobre as conseqüências da atribuição de qualidades a seres autômatos que antes só poderiam ser concebidas ao ser humano, tais como a capacidade de amar, o medo, e mais grave que isso, o emprego desses objetos técnicos na satisfação de carências pessoais e afetivas. Como no caso da adoção de um menino-robô (capaz de amar incondicionalmente) para preencher o vazio deixado por um filho ausente, que é o tema central do filme Inteligência Artificial.

Projetos de inteligência artificial que buscam criar mecanismos avançados de cognição para seres inanimados e pesquisas que tentam viabilizar soluções capazes de sintetizar sentidos próprios dos seres vivos, têm trabalhado para criar simulacros cada vez mais avançados de atributos antes exclusivos aos seres vivos, em muitos casos, à raça humana. Talvez seja isso que por fim apareça com um marco que justifique, se for o caso, uma idéia de que enfim estamos diante de artefatos técnicos que nos elevem a uma condição jamais experimentada pela nossa raça. Penso no pós-humano, ainda sem refletir se esse termo é ou não adequado. Mas tento compreender a idéia que está por trás disso tudo.

Ainda que sejamos produto da técnica e que essa seja inerente à existência do homem sobre a terra, o que nos remete à idéia de somos artificiais desde sempre, surge uma inquietação: será que a tecnologia que vivenciamos é, essencialmente, a mesma que nos permitiu tomar posse da natureza desde os primórdios da nossa existência? Tenho as minhas dúvidas...

Desde de os tempos remotos o homem vem criando artefatos como extensão do seu próprio corpo, depois, em um estágio seguinte, parece ter alcançado a possibilidade de virtualizar os seus próprios movimentos através de indivíduos maquínicos e passou a exercer o papel de operador desses objetos. Por fim, com a consolidação da revolução industrial, estava completo o cenário que Simondon denominou de conjuntos, as indústrias. Até então o homem apenas havia criado mecanismos capazes de exercer atividades laborais, braçais e muitas vezes apenas mecânicos. Havia, então, pouco ou nenhum processo cognitivo delegado às máquinas, por exemplo. Essas apenas repetiam, enquanto indivíduos, os movimentos do homem e o seu conjunto, a coletividade da força de trabalho. Aí, começo a chegar no ponto central da minha reflexão.

O que a tecnologia contemporânea parece capaz de fazer é justamente criar mecanismos que simulem o processo cognitivo próprio do ser humano, racional, e por conseqüência, caminha para ultrapassar uma racionalidade sintética rumo à artificialização dos sentidos, e dos sentimentos. Já é consenso a noção de que o que nos difere radicalmente dos animais inferiores é a capacidade de conceber o tempo que passa e atribuição do simbólico. Ora, mas não é exatamente isso que nós estamos criando? Máquinas capazes de pensar, de tomar decisões, de julgar, de optar e, (por que não), de atribuir um caráter simbólico aos fenômenos da vida.

Desde as primeiras máquinas de calcular, o ser humano vem empreendendo uma busca constante por desenvolver máquinas capazes de pensar e, não obstante, em surtos de entusiasmo vem caindo na tentação de anunciar a criação de “computadores inteligentes”, “automóveis inteligentes”, “máquinas inteligentes”, e a publicidade está aí para não deixar dúvidas. Recorrendo ao cinema mais uma vez, surge a figura do HALL, do filme de Kubrick, e, mais especialmente, o menino-robô de Inteligência Artificial (curiosamente, também fruto de um projeto iniciado por Stanley Kubrick), esse último, um autômato capaz de amar e de sonhar. É isso que parece estar no imaginário da nossa época, ainda que com ressalvas e uma cautela curiosa.

O que pretendo desenvolver é que talvez seja essa a dimensão do pós-humano. Não ferramentas, ou meros artefatos cuja função se resume a substituir o orgânico ou as suas potencialidades, mas objetos técnicos capazes de pensar, de aprender, de atribuir significado, de tomar decisões e, quem sabe, de sonhar. Enquanto isso, vou pensando, pensando..

8.6.05

Textos e aula no dia 14

Carissimos,

Como combinado ontem estaremos discutindo no dia 14, proxima aula e seguintes, conforme o calendario:

14/06- Habermas (Técnica e Ciência como Ideologia - todo) /Bartholo Jr. (Os Labirintos do Silencio, cap. 1, 7, 8) / Axelos (Méthamorphoses, pp.21—56)

21/06 – Denis de Moraes (Filosofia da Ciência e da Tecnologia., pp.99-153)/Marcondes Filho (O escavador de silêncios, pp. 352-380)

28/06 – Rudiger (Introdução às Teorias da Cibercultura., cap 1 e 2)/ (Garcia dos Santos (Politizar as Novas Tecnologias. Cap. 5, 6, 7, 8, 15, 16, 17)/Aronowitz (Technoscience and Cybercutlure, cap. 1 – pp.7-28)

Depois voltaremos ao que ainda nao finalizamos:

05/07
12/07
19/07 - seminario sobre trabalhos para a disciplina.

Deixarei na xerox hoje os textos Rudiger, Marcondes, Bartholo, Morais.

NAO TENHO O HABERMAS EM PORTUGUES!!!!!!!!!

Logo, busquem o texto, ok?


6.6.05

Determinismo - Evandro

Determinismo Tecnológico
Ciência&Tecnologia – aspectos sóciopolíticos
Ciência – Tecnologia e Sociedade

Evandro – ersantos@sefaz.salvador.ba.gov.br


Aqui discussão a cerca do determinismo tecnológico tem a sua ênfase na abordagem sociológica da técnica, uma relação dialética entre as variáveis: desenvolvimento social e tecnologia. Então se questiona, que fenômeno determina a primeira, até que ponto a segunda é neutra ou são reciprocamente influenciadas, ou mesmo há outras variantes, acredito que intrínsecas, que influenciam no desenvolvimento e/ou evolução destes.

O Renato Dagnino se serve das variáveis como Neutralidade da C&T , Determinismo tecnológico, Tese fraca da não-neutralidade e Tese forte da não-neutralidade para uma análise da problemática do determinismo tecnológico, partir da visão marxista para demonstrar a apropriação da ciência por um sistema dominante, e as conseqüências de uma tecnologia que se origina de modo funcional ao determinado contexto e a neutralidade da ciência.

O autor afirma que á idéia de neutralidade no conhecimento científico é oriundo das condições de seu próprio surgimento; século XV, em oposição ao pensamento religioso que intervinha na realidade contextual da época, através de suas crenças. O Iluminismo, corrente filosófica do século XVII reforçada pelo positivismo potencializou a idéia de neutralidade da ciência.

A ciência como expressão absoluta da verdade única e universal não poderia não poderia depender do social, mas a esse permanecer isolada por seu carater objetividade e natureza. Os fatos sociais lhe são secundários, porém, seu desvelamento (descoberta da verdade) linear e contínua geração de novos conhecimentos técnicos, solucionariam as anomalias provenientes desses fatos. Isto representa o desenvolvimento da C&T.

As reflexões neste campo do desenvolvimento tecnológico com foco na sociedade contestam que a tecnologia avança independente do social o influenciando ou não. Por outro lado, suspeita-se de uma relação funcional entre esses que então reproduz a dinâmica social.

Aprofundando a tese da neutralidade e determinismo tecnológico, se argumenta que os contextos reproduzem relações sociais e econômicas com bases em imperativos de natureza política capazes de determinar profundamente a dinâmica social. Ora, o conhecimento técnico-científico gerado nesse ambiente social acaba por reproduzir as características desse o que se constitui em algo funcional a este contexto. O que nega o caráter de absoluta e universal da ciência dando-lhe características reducionista, limitando-a as necessidades de um dado contexto social ou sistema.

Essa idéia de funcional ao determinado sistema aliada ao sistema capitalista, a tecnologia a serviço do capital, colocaria em foco os interesses econômicos e nos remeteria a uma outra variável que seria o determinismo econômico (visão marxista dos modos de produção capitalista enfatiza a apropriação da ciência pelos interesses do poder econômico).

Essa reflexão é longa, principalmente na contemporaneidade onde a ciência nos moldes acadêmicos busca a sua verdadeira independência através da sua desapropriação. Mais isso não significa fechamento, também não está claro como conceituá-la neste tempo. Pela descentralização dos objetos tecnológicos pode-se sentir sua desapropriação, o limite de sua influencia no social só o próprio homem determinará. Quanto maior for desapropriação da tecnologia maior também a relação do humano com a técnica e com os objetos por ela gerados.

E...

2.6.05

Esquinas no Ciberespaço



Nas esquinas das metrópoles, as cidades se intercruzam por entre olhares, câmeras e luzes dos farois, sempre em movimentos. Fugazes. Passei por uns lugares ou não lugares interessantes esta semana, e gostaria de indicá-los pra quem estiver viajando sem rumo pela rede, que nem eu estava ainda a pouco. Esse nosso exercício de pensar e viver a sociedade contemporânea, nas suas relações, articulações e desarticulações com as tecnologias digitias de informação e comunicação, aqui na disciplina nos provoca inquietações preciosas. Entre ficções e realidades reais ou virtuais, esquinas pelo ciberspaço encontram nossas faces em múltiplas e caleidoscópicas interfaces. Vozes e paisagens se intercruzam. Eis algumas:

Robôs no Cinema

Robôs no MIT


2001: A Space Odyssey – Site Oficial do Filme pelo MIT

Materiais dos cursos do MIT traduzidos para o português

Os discursos da ciência na ficção

A ficção científica como narrativa do mundo contemporâneo

A ficção científica e a questão da subjetividade homem-máquina

Ciência e ficção: o futuro antecipado

Ficção científica problematiza o presente em todos os tempos

Utopias e ficções

O imaginário da cibercultura

Metrópolis – Resenha do filme

TRILOGIA VOYAGE – Resenha

Clube Dos Leitores De Ficção Científica

Associação portuguesa de ficção científica e fantásticos

MIT - Massachusetts Institute of Technology – site oficial

Jornal Nature

Revista Science

23.5.05

ASSIM VOA A HUMANIDADE


Um rapaz em queda livre habita soberano os céus luminosos da cidade do sol...braços abertos e um sorriso adolescente...velocidade, emoção...pura adrenalina...Patético e virtual – típico personagem urbano. O letreiro provoca: "VeloX Você Voa"...palavras que completam o cenário cosmopolita no imenso outdoor, localizado no alto da chic avenida. Horizontes que se alargam, em tempos de banda larga. Não dá mais pra conectar em linha discada...É como viajar de carroça no tempo do “Trem Bala”. Velocidade é preciso...voar também é...Um mundo tecnocientífico se impõe. Tecnologia das fibras ópticas, dos feixes de luz, dos satélites, dos trangênicos e dos embriões humanos cobaias. Projetos de chips quânticos, quantas que transportam idéias? A quantas vão? Quanta inovação! Pretende-se experimentar microprocessadores de DNA, de plástico, de luz! Ousamos incorporar nas máquinas a inteligência da vida inteligente? Os fios das redes, as redes sem fio. Um mundo conectado de fio a pavio. Tecnologia dos fios metálicos que também precisam, às vezes perfurar a carne viva do pobre homem, que flagro sem querer, através da janela do micro-ônibus, no qual viajo pelas ruas da cidade. Um torturante cilindro de fios metálicos que cercam sua ante-perna. Frios e finos fios que consertam seus frágeis ossos da perna. Tíbia e perôneo fraturados de uma só vez, talvez numa dessas cenas dramáticas de um filme da vida real. Vejo ele se arrastar sofregamente pelo elegante passeio da avenida na cidade. Antecede a cena de vôo do ícaro cibernético escancarada no outdoor da avenida. O homem rastejante usa os braços para se arrastar apoiado num rudimentar assento de madeira, forrado com plástico sujo. Para...cansa...olha ofuscado e impotente o trânsito veloz...carros reluzentes...para...reflete...Continua seu rastejar - resignado? Está imundo e abandonado no mundo, por um mundo igualmente imundo? No outdoor o feliz rapaz da banda larga sorri largo, continua voando, compondo a cena...parceiros de cena...tragados pela máquina termodinâmica que passa indiferente e me transporta de um ponto a outro da cidade, e também inevitavelmente entre mundos caleidoscópicos que visito, mixando cenas avulsas, junto a outros passageiros possivelmente também indiferentes. Podemos escolher as cenas do vídeo exibido, logo à frente, sentados confortavelmente em poltronas velozes no ambiente climatizado do transporte. Ou simplesmente olhar à distância, pelas janelas o espetáculo da vida real lá fora. Difícil distinguir entre simulacros e realidade, por aqui. A roda, conquista tecnológica histórica da saga milenar do homem sobre a terra é presença hegemônica no mundo das máquinas. Como concebê-la ausente em algumas cenas reais? Como conceber que alguém, em pleno alvorecer do século XXI prescinda da roda e rasteje como um verme sujo pelas ruas da cidade. Imobilizado pelas máquinas que o compõem? Máquinas abstratas: por onde andam as abstrações do homem contemporâneo? Máquinas desejantes, por quais caminhos caminham os desejos do homem tecnológico? Onde habitam os direitos universais do homem nesses universos humanos/desumanos? Brincamos velozmente no civilizado ciberespaço e fabricamos a barbárie contemporânea no espaço real, indiferentes e alienados? A janela do "trem urbano" continua fabricando as cenas velozes da cidade real. Engolida pela velocidade a cidade se esvai em frames fugazes. Aproveito-os compondo e tecendo solitariamente um roteiro que converto em redes de palavras instantâneas, que emergem quase que autônomas dos dedos que teclam velozes e as fazem ganhar vida eletrônica, desfilando enfileiradas na tela luminosa a minha frente - a frente de todos. Posto minhas viagens urbanas num blog, em palavras que se desmaterializam e viajam velozes pelas teias das redes do fantasmagórico e consensual ciberespaço. Bebo um pouco de café amargo, respondo algumas mensagens no e-mail, faço upload de um filme e assisto confortavelmente o drama de personagens e cenários reais, apenas no momento em que os vejo na tela. O drama da cidade real fica pra trás? Cenas reais/virtuais se alternam nas múltiplas telas que nos constituem? Parece que as coisas vão se esvaindo velozmente pela cidade...Até onde conseguiremos voar com as nossas paradoxais asas civilizadas? Até quando rastejaremos vergonhosamente como ridículos vermes urbanos tecnocientíficos? E o sol da cidade do sol observa indiferente a vida que acontece...cintila nos satélites...nas placas de energia solar...castiga a pele do velho homem...derreterá algum dia nossas pretensas asas velozes?

17.5.05

Metamáquinas Digitais Antropológicas


Que conceito poderia contemplar à altura a complexidade e diversidade funcional dos computadores digitais interconectados em rede? Qual formulação de termo para tal objetivo poderia alcançar dimensões culturais e epistemológicas, que possam seguir muito além das abordagens reducionistas que os colocam em lugares de coisas-objetos neutros, dominados totalmente pelo homem racional que usam/abusam do jeito que quiserem, assepticamente? Tenho lido algo a respeito, conversado com alguns colegas, e especialmente ao interagir com André Lemos sobre estas questões, adoto a formulação que vem construindo conosco nas aulas: computadores são Metamáquinas. Penso que seria pertinente e talvez interessante se pudéssemos desbravar essa frente do pensar a técnica contemporânea, por aqui. Vamos lá então:
Em muitos textos e falas identifico com freqüência o termo ferramentas referindo-se aos computadores digitais. Gostaria de discutir esta denominação, numa perspectiva de investigação das possíveis concepções subjacentes ao termo utilizado. Ferramentas de acordo com o Simondon referem-se a artefatos que o homem usa para facilitar tarefas, no sentido de modificação, interferência. Logo atribuem um papel ativo ao homem, nesses processos. Já o termo instrumento, ainda em Simondon, refere-se a equipamentos destinados a leituras do mundo, tendo o homem um papel passivo, uma vez que o instrumento é quem interage com a realidade e precisa apenas ser lido pelo homem. Em ambos, a relação do homem com a técnica assume um papel de dominação (exploratória do tipo: uso abusivo mesmo). Mas se concebemos que o homem, também pode estar sendo usado/abusado pela máquina? Influenciado e modificado pela técnica? Se numa mesma visada homem e máquina sejam flagrados constituídos e constituintes entre si? Mudaria alguma coisa? Implicaria em algo? Os computadores nessa abordagem poderiam ser percebidos apenas como meras ferramentas, ou como ferramentas e instrumentos, ao mesmo tempo? Essa percepção não será reducionista e antropocêntrica? Seria algo mais? Numa abordagem ontogenética da relação simbiótica homém-técnica encontrei em Simondon e diversos outros autores uma percepção diferente da apresentada e que talvez se aproxime melhor de uma conceituação para os computadores digitais. Assim, nessa perspectiva não haveria supremacia do homem sobre a técnica, nem tão pouco da técnica sobre o homem. Não seria esta uma mera ferramenta desacoplada do seu corpo, do seu ser, principalmente da sua história evolutiva de vida. Além disso, um computador em rede não trabalha sozinho, se articula a diversos outros computadores, mecanismos, pessoas, mensagens, motores de busca e dispositivos variados e comunicados entre si, numa vasta e dinâmica rede de símbolos e signos, que o amplificam de forma complexa e ao mesmo tempo está ali na frente do homem interfaceado pelas telas, teclados, mouses...embutidos em carros, naves e aeronaves, em eletrodomésticos...juntemos a isso as subjetividades envolvidas, misturemos tudo no caldeirão multifacetado do ciberespaço e veremos que estas máquinas são na verdade, algo como metamáquinas digitais, cognitivas, subjetivas, desejantes,desejadas, desejáveis, indesejáveis, interativas, rizomáticas e interconectadas. Um conjunto, um emaranhado. Tecnologias Intelectuais como pretende Levy, ou máquinas desejantes como falava o Guattari, ou até múltiplos atores humanos e técnicos, signos...querubins como propõe Serres...O fato é que ao se per(con)ceber a técnica, tecnologia, computadores, rede e ciberespaço por essa ótica, estaríamos navegando talvez em novos "platôs". Como seriam as implicações disto tudo nas relações do homem entre si, com as máquinas e com o mundo? Essas per(con)cepções inaugurariam novos desvelamentos da técnica, nos afastando do perigo extremo como sugeria Heidegger ? Inventaríamos ou inventariaríamos novas culturas/ciberculturas, devires, agenciamentos e relações societárias menos esquizofrênicas, num sentido anômalo ou mais esquizofrênicas, num sentido nômade Deleuziano? Nos deparamos talvez com possibilidades desconhecidas que, por ora denomino metaforicamente de chaves enigmáticas. Nos darão acessos a portas (lógicas ou ilógicas?) ainda inéditas?...Como nos alerta o André Lemos, nas aulas: ainda não sabemos...Eh isso...Vamos lá!

16.5.05

Kubrick 2001 - Além do Infinito

monolito negro
Monolito Negro em 2001: uma odisséia no espaço

Depois de conectar
www.kubrick2001.com senti-me motivado a compartilhar com os companheiros daqui do blog algumas reflexões sobre as complexas e multifacetadas relações que buscamos identificar nos processos evolutivos que constituem homem e técnica, de acordo com os autores com os quais temos interagido aqui na disciplina. Espero que apreciem e especialmente que possamos dialogar a respeito, aqui ou presencialmente, na sala de aula.
Um macaco-homem ou homem-macaco com seu grito primal lança um osso para o alto... a viagem desse primeiro objeto técnico passeia em "slow motion" pelo cosmos e se transmuta em uma grande nave espacial...um abismo temporal de milhões de anos é varrido originalmente nessa cena do entediante clássico da ficção científica - 2001: uma odisséia no espaço, do diretor Stanley Kubrick. A relação homem-máquina é explorada na fita, durante o longo processo evolutivo da humanidade. Baseado na obra de Arthur C. Clarke, que escreve o roteiro com Kubrick e impõem um enigmático monolito negro no caminho do Homem. O monolito aparece sempre associado a algum salto evolutivo..."Kubrick compôs a primeira epopéia espacial do cinema, embalada pela música de Strauss e por imensos planos onde o imaginário do homem se perde até hoje." Então para que servem os humanos? Eis a questão de fundo que inquieta a máquina na sua complexa relação com o homem...
No olhar de HAL 9000 - computador cérebro e sistema central da nave Discovery em 2001 - a odisséia no espaço:" humanos entediados, com jantares pré-aquecidos, banhos de sol artificial, precisam quase morrer para viajar...servem apenas para realizar a manutenção da máquina"...estranho, mas o drama transcorre por aí mesmo, rola um ridículo conflito do homem com a máquina e nos provoca...essa é uma interessante interpretação em multimídia do filme, disponível na url: www.kubrick2001.com que vale a pena dar uma olhadela...é dividido em quatro blocos, sendo o último denominado; "Além do Infinito"...não é entediante como o filme, garanto... quem se interessar tem uma pequena resenha em www.zaz.com.br/cinema/ficcao/odisseia.htm Eh isso!!!!


Nasa desenvolve pele sensível para robôs

Seg, 16 Mai - 11h44
Nasa desenvolve pele sensível para robôs

Agência Estado


Cientistas da Nasa estão desenvolvendo uma pele para ser colocada em robôs, divulgou ontem o portal estadao.com.br. A película poderá torná-los capazes de sentir movimentos de objetos próximos. Em testes feitos no Centro de Vôos Espaciais Goddard, ligado à agência espacial americana, um braço robótico conseguiu sentir e se desviar dos movimentos de uma bailarina durante uma apresentação.

A pele criada pela Nasa tem mais de mil sensores infravermelhos que detectam um objeto e mandam a informação para o "cérebro" do robô. O "cérebro", então, codifica a informação e reage com movimentos em um milésimo de segundo. Segundo os técnicos da Nasa, os robôs do futuro deverão ter ainda mais sensores. Os módulos flexíveis de plástico que estão sendo usados para abrigar os sensores eletrônicos ainda precisam ser testados para ver se resistem às condições do espaço.

Reação a obstáculos

Com essa nova pele, os robôs em missões espaciais poderão reagir aos obstáculos que encontram pela frente sem depender da intervenção humana. "Os robôs se movimentam bem sozinhos, quando não têm nada em seu caminho", afirma Vladimir Lumelsky, o responsável pelo projeto. "Mas precisam saber reagir a situações inesperadas, e os robôs de hoje são incapazes de fazer alguma coisa desse tipo."

Lumelsky disse que muito tem sido feito para aumentar a capacidade de visão dos robôs, mas que o mais importante é melhorar o "tato" e a "sensibilidade" das máquinas. "Os humanos conseguem sobreviver sem a visão, mas não sem o tato. A pele é o nosso maior órgão, e ela nada mais é do que um sensor gigante."

(Extraído de http://br.news.yahoo.com/050516/25/u4rf.html em 16/05/2005)

15.5.05

Até que enfim...

205992-9606-ga

Do New York Times
14/05/2005


Contra Bush,
132 prefeitos americanos querem o Protocolo de Kyoto


Incomodado por uma série de invernos secos nesta cidade normalmente úmida, o prefeito Greg Nickels iniciou um esforço nacional para fazer algo que o governo Bush não fará: implementar o Protocolo de Kyoto para o aquecimento global.

Nickels, um democrata, disse que 131 outros prefeitos de mentalidade semelhante se juntaram à coalizão bipartidária para combate ao aquecimento global em uma esfera local, em uma rejeição implícita à política do governo.

Os prefeitos, de cidades tão liberais quanto Los Angeles e tão conservadoras quanto Hurst, Texas, representam quase 29 milhões de cidadãos em 35 Estados, segundo o gabinete de Nickels.

Eles estão prometendo que suas cidades cumprirão aquelas que seriam exigências obrigatórias para o país caso o governo Bush não tivesse rejeitado o Protocolo de Kyoto: uma redução da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa para um nível 7% abaixo do de 1990, até 2012.

Na quinta-feira, o prefeito Michael R. Bloomberg fez com que Nova York ingressasse na coalizão, o mais recente prefeito republicano a fazê-lo.

Nickels disse que para conseguir a redução de 7%, Seattle está exigindo que os navios de cruzeiro que atracam em seu movimentado porto desliguem seus motores a diesel enquanto reabastecem e para utilizarem apenas a energia elétrica fornecida pela cidade, uma exigência que tem forçado alguns navios a se adaptarem.

Até o final do ano, a empresa de energia da cidade, a Seattle City Light, será a única empresa elétrica do país sem nenhuma emissão de gases responsáveis pelo Efeito Estufa, disse o gabinete do prefeito.

Salt Lake City se tornou a maior compradora de energia eólica do Estado de Utah para conseguir atingir sua meta de redução. Em Nova York, a administração de Bloomberg está tentando reduzir as emissões da frota municipal comprando veículos híbridos gasolina-eletricidade.

Nathan Mantua, diretor assistente do Centro para Ciência do Sistema Terra da Universidade de Washington, que estima o impacto do aquecimento global no Noroeste, disse que os esforços da coalizão são louváveis, mas provavelmente de impacto global limitado.

"É claramente um passo politicamente significativo para a qualidade do ar nas cidades que farão isto, mas para o problema do aquecimento global é um passo de bebê."

Nickels disse que decidiu agir quando o Protocolo de Kyoto entrou em vigor em abril sem o apoio dos Estados Unidos, o maior produtor do mundo dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Naquele dia, Nickels anunciou que tentaria implementar o acordo, pelo menos em Seattle, e pediu para que outros prefeitos se juntassem a ele.

A coalizão não é o primeiro esforço de líderes locais para adoção da iniciativa sobre mudança climática. A Califórnia, sob o governador Arnold Schwarzenegger, um republicano, está buscando limitar as emissões de dióxido de carbono, e o governador de Nova York, George A. Pataki, também republicano, tem liderado esforços para reduzir as emissões das usinas de força no Nordeste dop país.

Mas ela é incomum em sua adoção aberta a um acordo internacional que foi rejeitado pelo governo Bush e significativo, segundo o gabinete de Nickels, porque as cidades contribuem muito para a emissão geral do país de gases responsáveis pelo efeito estufa.

Michele Saint Martin, a diretora de comunicações do Conselho para Qualidade Ambiental da Casa Branca, disse que o Protocolo de Kyoto resultaria em uma perda de 5 milhões de empregos nos Estados Unidos e poderia provocar alta dos preços de energia.

Saint Martin disse que o presidente Bush "defende uma abordagem agressiva" na questão da mudança climática, "uma que promova o crescimento econômico e leve a nova tecnologia e inovação".

Mas muitos dos prefeitos disseram que estão agindo precisamente por preocupação em torno da vitalidade econômica de suas cidades. Nickels, por exemplo, apontou que os invernos secos e o grande declínio projetado nas geleiras nas montanhas Cascade poderão afetar o abastecimento de água potável de Seattle e a energia hidrelétrica.

O prefeito de Nova Orleans, C. Ray Nagin, um democrata, disse que se juntou à coalizão porque o aumento projetado no nível dos oceanos "ameaça a própria existência de Nova Orleans."

No Havaí, o prefeito de Maui County, Alan Arakawa, um republicano, disse que se juntou porque estava frustrado com a lentidão do governo em reconhecer o consenso científico de que a mudança climática está acontecendo por interferência humana.

"Eu espero que isto envie uma mensagem de que é realmente necessário que se comece a olhar para o que está acontecendo no mundo real", disse Arakawa.

Nickels disse que não é por acaso que a maioria das cidades que aderiram são de Estados costeiros. O prefeito de Alexandria, Virgínia, está preocupado com o aumento das inundações; os prefeitos na Flórida estão preocupados com furacões.

Mas Nickels também encontrou apoio no interior do país. Jerry Ryan, o prefeito republicano de Bellevue, Nebraska, disse que entrou para a coalizão por preocupação com os efeitos das secas em sua comunidade agrícola. Ryan descreve-se como um forte defensor de Bush, mas disse que sente que a posição do presidente em relação ao aquecimento global deveria ser semelhante à sua posição em relação ao terrorismo.

"Você precisa se perguntar, é remotamente possível que haja uma ameaça?" disse ele. "Se a resposta é sim, então é preciso agir agora."

Cultura e Técnica - Evandro

... cultura e técnica

Só pegando gancho em Platão, a Idéia como algo que antecede o objeto, mundo sensível de transposição material dos objetos. Neste espaço de transposição acredito encontra-se a técnica que nivela a Idéia em algo, dando-lhe existência física ou material.

Penso na técnica como o desenrolar do saber/fazer, prática humana, um cultivar das formas que habitam o mundo.

Esse saber/fazer estabelece a complexidade da cultura humana. Penso que podemos situar essa complexidade dentro de um cultivar do qual o homem libera o seu espírito criativo embalado por um estado de manifestações artísticas, científicas e outros. Isso é gerar cultura.

Ainda, se a cultura humana cultivar valores assim, ou seja, espirituais e materiais, por que a desassociação entre cultura e técnica?

Viajando no tempo e no espaço dos artefatos, vislumbro os estágios de evolução do homem. Então, vejo no avanço tecnológico, o reflexo dessa evolução.

Sem nega afirmações anteriores, quando percebemos essa desassociação, nos surge à imaginação de que a técnica foi além do homem: cultura humana tornou-se cultura da técnica e como ambas não evoluíram juntas, a cultura primeira precisaria de um tempo (irreversível) para adaptar-se a segunda. O que seria praticamente impossível e só enfatizaria um contra-cultura.

Bom, não é imaginação que existe um disparate entre cultura local e global de modo que se faz necessário uma cultura da técnica, que vise à reaproximação entre homem e tecnologia, uma relação de familiaridade para uma compreensão dos objetos técnicos como extensão do fazer humano.
É um caminho...

ersantos@sefaz.salvador.ba.gov.br
evandramoss@bol.com.br

Evandro R. STºs.

14.5.05

Livros, jornais e webs

Lembrando de uma discussão de outro dia sobre a morte dos livros, a substituição dos jornais por blogs... passeando pela "blogosfera" tropeçei por este:
http://intermezzo-weblog.blogspot.com/2004_11_01_intermezzo-weblog_archive.html
ele não é novo mas traz uma discussão interessante: "blog é outra coisa", ou seja, como não é jornal, não vai substituí-lo. Quem disse então que esta magnífica teia móvel (que nós modelamos) é parecido com um livro para poder substituí-lo? Estamos falando de mídias diferentes que, por nossa demanda, podem passar a terem lugares DIFERENTES ao longo do tempo em nossa sociedade.

Entre apocalípticos e integrados, Daniela Bertocchi, mais abaixo (comentário de 22/11) traz uma citação de nosso venerado (;) ) Bill Gates, em que ele diz «Não sei se os terroristas podem utilizar a rede, mas é necessário tomar medidas de prevenção. A rede não foi desenhada para pessoas com más intenções, foi desenhada para todos». Deixando de lado a "gracinha" sobre terrorismo, é cabível dizer que a rede foi criada "para alguma coisa" se hoje temos tantos outros usos (às vezes até mais visíveis) que reconfiguram sua "utilidade". Assim como os diários NÃO vão substituir o jornal impresso, a web (e todas as suas emergências) não vai ser substituta de algo. Muito menos é meramente uma técnica.
São Pessoas que moldam o desenvolvimento da rede e de suas emergências, imprimindo seu caráter humano, que às vezes tem raiva, às vezes é terrorista, às vezes só quer saber de informação, às vezes quer aprender, às vezes quer múltiplas coisas e desencadeiam múltiplos nós, ressignificando sempre que necessário.
Não sei, mas às vezes saio da aula com a impressão de que as pessoas não aprendem (ou que nós, estudando o que e como estamos estudando nesta disciplina, passamos a acreditar que as pessoas não aprendem. Será que ressignificar e passar a significar de forma diferente o que temos não é aprender? Pena que isto fica somente margeando nossas discussões...

12.5.05

Cientistas dos EUA criam robô capaz de se replicar

a physis dos robôs? o início da matrix?
Quarta, 11 de maio de 2005, 15h07
Cientistas dos EUA criam robô capaz de se replicar
http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI530343-EI4799,00.html

Robôs que podem se reproduzir não são mais coisa de ficção científica. Pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, anunciaram a criação de pequenos robôs que podem montar cópias de si próprios.

Cada robô consiste de vários cubos de dez centímetros enfileirados que possuem componentes idênticos e ímãs que podem atrair e separar outros cubos. As unidades possuem também um programa para replicação. Os robôs podem se dobrar, recolher e empilhar os cubos.

"Apesar das máquinas que criamos serem ainda simples na comparação com a auto-reprodução biológica, eles demonstram que a auto-replicação é possível e que não é exclusiva da biologia", disse Hod Lipson em artigo publicado na revista científica Nature.

Ele e sua equipe acreditam que o princípio do projeto poderá ser usado para se criar no futuro robôs que se auto-reparam e que poderiam ser usados em situações arriscadas como vôos espaciais.

Os robôs experimentais, que não fazem nada alem de cópias de si mesmos, são movidos por meio de contatos existentes na superfície de uma mesa e transferem dados por meio de suas faces. Eles se auto-reproduzem usando módulos adicionais colocados em pontos especiais de "alimentação".

A máquina se duplica quando tira o cubo que fica no alto da fila e o coloca na mesa. A partir daí, ela pega outro cubo e coloca no topo do primeiro, repetindo todo o processo. Conforme o novo robô toma forma, ele ajuda em sua própria construção.

"O robô de quatro módulos foi capaz de criar uma réplica em 2,5 minutos ao levantar e montar os cubos a partir das posições de alimentação", disse Lipson.

Reuters

Mestrado em Filosofia discute a relação entre a filosofia e o homem

[curso que Sivaldo comentou em sala]
O mestrado em Filosofia inscreve até sexta-feira (dia 13) para o curso de extensão “Filosofia e Realidade”, com o professor da UFRJ Emanuel Carneiro Leão. A proposta do evento é discutir a natureza da filosofia e as relações dela com o homem. Uma discussão sobre o louco e a experiência artística, com o objetivo de investigar as questões ligadas aos princípios de realidade, o qual supõe que se tenha uma noção determinada dessas relações. O curso será entre 17 e 19 de maio, das 10h às13h, na sala de aulas do Mestrado em Filosofia (Campus de são Lázaro). A carga total é de 9 horas. Inscrições das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h, na Fapex (R. Caetano Moura, 140, Federação). Mais informações nos telefones 3203-8460 / 8459.

7.5.05

Bookmark Filosofia da Tecnica

Vejam aqui o bookmark que prometi sobre filosofia da técnica:
Portal de Filosofia da Técnica
HISTÓRIA - Cultura e Pensamento - Heidegger e a Filosofia da Irrupção
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
VoS - Voice of the Shuttle
Centro Interunidades de História da Ciência - USP
Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência - CLE
UFMG - Scientia & Technica: Grupo de Teoria e História da Ciência e da Tecnologia
SEHCTAR: Página Principal
Ramón Llull y Filosofía de la Técnica
The Unabomber's Manifesto
La technique - philosophie. Science, art, technique
Societe pour la Philosophie de la Technique
France 3 - Homo Sapiens
Techné: Research in Philosophy and Technology
Elsevier.com
BUBL LINK: Philosophy research
Technology and Culture: Online Resources
GUIDEBOOK FOR PUBLISHING PHILOSOPHY: JOURNALS
EpistemeLinks.com: Journals for Philosophy of Technology
The CyberPhilosophy Journal

5.5.05

aquecimento global: a culpa é da técnica ou da natureza?

notícia interesante sobre os processos técnicos do homem vs. natureza. de quem é a culpa do aquecimento global? o cientista abaixo quer contestar as falas comuns, que culpam a emissão de gases das indústrias... e quer partir para a inevitabilidade: em vez de discutirmos se o aquecimento é humano e pode ser alterado, deveríamos é tentar dominaradaptar as mudanças do aquecimento e viver assim... interessante para ser lido... no site há ainda outros textos sobre o assunto do aquecimento e protocolo de kyoto.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/cluster/2005/02/s_kyoto.shtml

Homem não é responsável por mudança climática, diz cientista

Martin Keeley

"Ou a fauna se adapta ou ela morre"

A seguir, Martin Keeley, geólogo e professor convidado na University College of London, argumenta que o homem não é o responsável pelo aquecimento da terra:
"Nós que estudamos a história da Terra anterior à humanidade consideramos o atual debate sobre aquecimento global difícil de ser contextualizado. O clima muda, e é isso mesmo.
Esperar a estabilidade permanente dos padrões climáticos demonstra uma falta de compreensão básica das complexidades e instabilidades do clima.
Se o clima mundial não estivesse ficando mais quente, ele estaria se tornando mais frio. A estagnação não é alternativa.

Regra
Ou as camadas de gelo avançam ou elas diminuem, e ainda bem. Depois da Era do Gelo, o clima está esquentando e o nível do mar aumentando, mas sempre dentro de padrões históricos.
À medida em que o meio ambiente muda, a flora e a fauna ou se adaptam ou morrem. A natureza não é sentimental.
Mas com a agora desacreditada curva de temperatura do último milênio (batizada “bastão de hóquei” e usada pelo Painel em Mudança Climática Inter-govenamental para aumentar a pressão para a aprovação do protocolo de Kyoto), a maioria dos observadores ainda acredita que o clima de hoje é um dos “mais extremos já registrados”.
Essa idéia é simplesmente mentirosa. Sabemos através de descobertas geológicas que variações climáticas e extremas são a regra.

Bilhões
Esses extremos acontecem rápida e gradualmente. Eles não são, obviamente, induzidos por humanos (antropogênicos). Como poderiam eles representar uma ameaça maior do que o terrorismo, como afirma o maior cientista britânico, o professor David King, exceto para aqueles que não querem aceitar a inevitabilidade que é a mudança climática?
Os fatores que influenciam a mudança climática e as variações do nível do mar são múltiplas e complexas. Não consigo entender como alguém pode esperar prever mesmos eventos atuais, quanto mais no futuro.
Nós ainda não conseguimos nem acertar a previsão do tempo para a semana que vem com precisão.
A questão real não é se mudanças climáticas e no nível do mar estão acontecendo e se isso seria bom ou ruim. Elas vêm ocorrendo naturalmente há bilhões de anos.

Prova
Ambientalistas se perguntam se a mudança climática é antropogênica, e, se a resposta for positiva, ela poderia ser interrompida?
Não encontrei nenhuma prova conclusiva de que a poluição humana causou qualquer significativa mudança climática.
Seria mais relevante se perguntar se erupções vulcânicas alteram o clima. Nesse caso, pelo menos, podemos dizer que sim.
A única prova de mudança climática antropogênica (e que para mim parece falha) é que a industrialização ocidental causou um aumento de temperatura.
Ao entrarmos no terceiro milênio, não deveríamos estar preocupados com a questão idiota de que podemos influenciar o clima a um custo absurdo, ainda mais por nos concentrarmos em um único elemento.
Devemos, ao invés, pensar em como podemos nos adaptar à inevitabilidade da mudança climática e o aumento do nível do mar.
Vista assim, a questão das emissões enfrentada por políticos muda totalmente.
Eles não precisam mais ameaçar as emissões de países mais industrializados e limpos, adiando assim as mudanças antropogênicas em mais de uma década, e sim buscar soluções mais pragmáticas.
Isso deve incluir abandonar terras já condenadas a serem inundadas, localizadas abaixo do nível do mar (como a Holanda), transferindo os cultivos mediterrâneos para o norte da Europa, o cultivo de terras frias (como a Groenlândia) e o reflorestamento agressivo como uma alternativa para reabilitar terras secas.
Em relação ao petróleo, ele vai se tornar provavelmente muito caro para ser usado como uma grande fonte de energia em 25 anos.
O aquecimento global é um golpe, aplicado por cientistas com interesses velados, que necessitam ter aulas de geologia, lógica e filosofia da ciência.
Ele dá à imprensa uma nova história de terror, é adotado por grupos de pressão e foi transformado em uma nova religião que oferece o inferno a todos os que não modificam seus hábitos.
Acreditar no aquecimento global antropogênico não é suficiente, mas é tudo o que ele oferece."

4.5.05

"Ismos" a esmo ???



Há uma discussão recorrente que habita nossos encontros de terça, e que particularmente me inquieta, sobretudo quando a submeto ao pensamento do Simondon, que tem me instigado bastante, junto a outros autores. Buscamos alvos nos "ismos"? Talvez...estou deixando emergir algumas reflexões sobre esse contexto, que compartilho com vocês:
Em tempos de incertezas a "precisão" cai por terra...ocasos ao acaso... difícil achar o alvo, quando há movimentos desordenados. Em quais "ismos" atirar primeiro? No determinismo da técnica sobre o social? Ou no determinismo social sobre a técnica? Haverá de fato determinismo quando se trata de analisar a cibercultura? Haveria contemporaneamente um macro-determinismo dos sistemas técnicos como busca negociar conosco o André Lemos nas aulas? Um possível processo de negociação pontual com os diversos outros sistemas sociais ? Uma interpenetração, sem hegemonias entre os sistemas como defende nosso colega Silvano? Ainda não sabemos, mais buscamos ávidamente em nossas interações cognitivas identificar os alvos ou talvez os caminhos do pensamento que nos municiem nessa empreitada. Pego uma carona estonteante nos ecos do pensamento ontogenético da evolução da técnica proposta por Simondon, o que reverbera em dissonâncias que me provocam profundamente a buscar algumas pistas, a esmo. Estariam os objetos técnicos, em seus processos evolutivos ao se "concretizarem" através de "individuações" interferindo de alguma forma nos rumos sociais da humanidade ? Se assim for, isso muda tudo! De alguma forma o objeto técnico estaria sendo protagonista da história humana? Atendendo ao alerta do André, vamos caminhado, sem pressa em propor conclusões precipitadas...esses encontros estão instigantes...somos a um só tempo franco-atiradores e alvos? Vamos indo...

3.5.05

Caeiro e os “sistemas”

caminhomisty

Começo a perceber que tudo é técnica... Até a natureza, segundo Kant, é técnica também, o que traz o embate da técnica sobre a técnica como uma questão mais antiga do que imaginamos.
O problema, talvez, é que preocupados em fundar outra natureza desconhecemos com profundidade a ‘tecnologia’ da Terra - a sua natureza.
A autopoiésis quando se dá, num processo de reconstrução, muitas vezes nos destrói enquanto seres vivos racionais sobre o planeta.
O problema é esse, vivemos sobre um artefato - o planeta Terra - cujos processos nos surpreendem.
Enquanto vamos criando outros artefatos pelo tempo afora e isso, de certa maneira, nos condiciona a sermos escravos dessa matéria criada, a Terra busca equilíbrio, não almeja superação. Assiste seus seres vivos, destituídos de razão, nascerem, crescerem e morrerem a cada dia... É só.


Deixo com vocês um poema de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa.


Num dia excessivamente nítido,
Dia em que dava a vontade de ter trabalhado muito
Para nele não trabalhar nada,
Entrevi, como uma estrada por entre as árvores,
O que talvez seja o Grande Segredo,
Aquele Grande Mistério de que os poetas falsos falam.

Vi que não há Natureza,
Que Natureza não existe,
Que há montes, vales, planícies,
Que há árvores, flores, ervas,
Que há rios e pedras,
Mas que não há um todo a que isso pertença,
Que um conjunto real e verdadeiro
É uma doença das nossas idéias.

A Natureza é partes sem um todo.
Isto é talvez o tal mistério de que falam.

Foi isto o que sem pensar nem parar,
Acertei que devia ser a verdade,
Que todos andam a achar e que não acham,
E que só eu, porque a não fui achar, achei.

29.4.05

Stiegler, determinismos e sistemas...

Alguns comentários sobre o próximo texto ...(especificamente sobre a primeira parte do Stiegler)

O Stiegler vai falar muito de "sistemas" e da relação entre estes sistemas (sistema econômico, sistema social) e o sistema técnico. Também vai falar muito dos processos evolutivos dentro do sistema técnico através da diferenciação que ele vai levantar entre "invenção" e "inovação". Estas passagens me levaram a pensar sobre o que chamamos hoje de "determinismo" (principalmente o determinismo tecnológico, mas tb no que se refere aos outros "determinismos"). É difícil fugirmos de algum tipo de determinismo quando falamos em transformações no mundo contemporâneo sem cairmos num relativismo cauteloso, mas insuficiente. A idéia de "macro-determinismo" colocada pelo André em sala de aula talvez seja uma boa saída pra esta sinuca de bico. Porém, creio que é possível pensar nesta saída somada a idéia de "inter-relação entre os diversos sistemas" que compõem o "macro-sistema-da-vida". Penso que não há nescessariamente "determinação" de um fenômeno sobre o outro. Falar em determinação requer impor, de ante-mão, uma hierarquia de potência transformadora de um sistema sobre o outro. Creio que é possível pensar estes fenômenos de transformações a partir da interpenetração sistêmica. Isto é, se pensarmos que a vida é objetivada em diversos sistemas que sempre foram entrelaçados entre si (hoje, cada vez mais, principalmente com advento maior do fluxo comunicativo entre eles) e que as transformações e suas consequencias nascem desta interrelação, e nunca isoladamente. É um pouco do que o Stiegler vai chamar de mutação do sistema técnico (citando Gilles): À l'inverse, l'analyse dynamique met "en évidence des limites structurelles qui contraignent à l'invention, qui conduisent aux mutations de système". Lorsqu'un esemble de condicions se trouve reúni dans le système, une évolution se décide. [ traduzindo este último trecho: " Quando um conjunto de condições se encontram reunidas dentro do sistema, ocorre uma evolução" (p. 47) ]

Porém, ele está se referindo particularmente às inovações no interior do sistema técnico. Creio que é possível utilizarmos esta idéia, somada a idéia de intepenetração dos sistemas para pensar que a inovação ocorre também no interior dos outros sistemas (social, político, econômico, científico...) e que esta "mutação" nasce justamente da justaposição criativa, da intepenetração, da indissociabilidade entre todos os sistemas. Ou seja, não é que o sistema técnico tenha alterado a dinâmica do mundo por ter criado a Internet, por exemplo. Mas a Internet é um produto híbrido de uma conjunção de fatores nos diversos outros sistemas que repercutiram no sistema técnico (como as peculiaridades do sistema político da guerra fria, como as peculiaridades de contra cultura no sistema social, a dinâmica da economia de mercado que já globalizava através das redes de fluxo financeiro etc). E a repercussão desta inovação técnica é cada vez mais rapidamente assimilada pelos outros sistemas num ciclo interminável de inovação mutuamente alimentada.

Ocorre que, no mundo contemporâneo, o sistema técnico (devido à sua própria característica) é o mais concretamente visível (ele é objetivado em "matéria") e tem se tornado cada vez mais "invasor" (como diz o Milton Santos). Isto é que nos leva ao determinismo tecnológico: quando tomamos o objeto técnico como o elemento iniciador da transformação no mundo, quando na verdade, ele é a ponta de um processo cumulativo da interconexão (das repercussões) entre os vários sistemas (não apenas o sistema técnico). Neste caso, o determinismo tecnológico trata a "inovação técnica" como a semente da transformação do "macro-sistema-da-vida", quando na verdade, ela é uma árvore, com seus rizomas profundos, pronta para dar frutos.

abrs
Sivaldo

25.4.05

Substituindo

Robôs devem substituir jóqueis em corridas de camelo

da Folha Online

AP
Em alguns meses, as corridas de camelo no Oriente Médio devem dispensar os jóqueis humanos, que serão substituídos por robôs. Isso é o que espera a empresa suíça K-Team, que testou o humanóide Kamel na semana passada, em Qatar.

Na ocasião, o robô de 27 kg andou 2.6 km sobre o camelo, e chegou à velocidades de 40 km/h. As competições geralmente têm distâncias de 10 km.

Alguns ativistas defendem o uso de robôs, pois afirmam que muitas crianças [com idade de quatro anos ou mais] são "roubadas" ou compradas de suas famílias para trabalhar como jóqueis no golfo Pérsico. A maioria vive em condições precárias e passa fome para manter seu peso baixo --o que é visto como vantajoso para as corridas.

AP
"Precisamos melhorar a velocidade, o peso e a aerodinâmica para fazermos a completa substituição de crianças por robôs", afirmou à Associated Press o sheik Abdullah bin Saud, envolvido com o projeto da K-Team.

"Não podemos simplesmente acabar com as corridas. Elas são parte de nossa história e tradição, então temos de encontrar uma alternativa para mantê-las", continou.

Para desenvolver o humanóide Kamel, a companhia suíça tirou diversas fotos de jóqueis sobre os cavalos --o objetivo era capturar todos os movimentos feitos durante uma corrida. "Era muito importante que o camelo aceitasse o robô e, por isso, tivemos de fazê-lo muito parecido com um humano", disse Alexandre Colot, da K-Team.

O humanóide se mexe obedecendo aos comandos de um controle remoto que pode ficar a 800 m de distância. Para dar ordens dentro dessa área, um treinador segue o camelo com um veículo e diz --via controle remoto-- como o robô deve movimentar-se. A maneira como o robô se mexe controla, por sua vez, o animal.

Até outubro, quando terão início as competições no golfo Pérsico, a K-Team pretende ter 20 robôs prontos para corridas.

evolução ou involução?

pena que a matéria é muito curtinha, o texto, que pelo título parece ter explicações científicas, acaba não explicando muito...

fonte: http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI518435-EI4796,00.html
Celular & Wireless
Sexta, 22 de abril de 2005, 09h49
Obsessão por torpedos e e-mails pode reduzir QI

Enviar e-mails e mensagens pelo telefone celular de maneira obsessiva pode reduzir o quociente de inteligência (QI) em até dez pontos - duas vezes mais do que fumar maconha. A revelação saiu de um estudo realizado por uma equipe de psicólogos britânicos, por encomenda da Hewlett Packard (HP).
Fórum: opine sobre o assunto
O fenômeno, batizado pelos pesquisadores de "infomania", atinge principalmente os homens adultos, e equivale a passar uma noite sem dormir. Os efeitos são induzidos, por exemplo, pela perda de concentração dos funcionários em horas de trabalho, pois o constante contato com as tecnologias os distrai de suas obrigações.
Além de influenciar no QI, as novas tecnologias reduzem a produtividade dos funcionários e geram estresse e um mau ambiente de trabalho. Glenn Wilson, psicólogo da Universidade de Londres, afirmou que o fenômeno é "real" e que cada vez está mais disseminado. "A 'infomania' danifica a forma de trabalhar das pessoas ao reduzir sua perspicácia mental" declarou.
Para elaborar o estudo, os psicólogos submeteram 18 voluntários a vários testes clínicos e entrevistaram 1,1 mil adultos. Destes, 62% confessaram ser viciados em e-mails e torpedos. A metade dos entrevistados reconheceu que sempre tenta responder imediatamente às mensagens de texto e aos e-mails, mesmo que para isso tenha de interromper qualquer tipo de conversa.

22.4.05

O papa velhão

Disponibilizo, aqui, o Editorial do JB de quarta, dia 20/04. Em destaque, uma frase que me chamou atenção... Depois da aula instigante de André Lemos, as antenas ficam afiadíssimas...
Mesmo com todo o poder da Igreja "descendo a ladeira", é interessante o jogo de forças. Estado, Igreja, o "Mundo da vida"... Saí da aula pensando nas forças não mais undergrounds (meio que desprovidas de ideologia), expostas na WEB, que ensaiam pequenas transgressões sobre o que está instituído. Pequenos ratos roendo as cordas que amarram a lona do circo?

Bento XVI, o sério

A máxima dessa vez não se confirmou. O cardeal alemão Joseph Ratzinger entrou para o conclave na Capela Sistina como um forte candidato a papa. Saiu como Bento XVI, cujo pontificado nasce em uma demonstração de força. Numa das eleições mais curtas da história, a Igreja Católica emergiu para um novo capítulo buscando no século 5 os rumos e a motivação dogmática para compreender e atravessar o século 21. A velocidade com que a fumaça negra foi substituída pela branca na chaminé da capela mostra a dimensão dessa urgência apresentada aos purpurados. A escolha do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé vislumbrou-se na leitura da homilia na missa Pro Eligendo Romano Pontifice, celebrada segunda-feira, com a qual o decano dos cardeais pediu a inspiração do Espírito Santo. Ratzinger fez um alerta para que se evitasse a ''ditadura do relativismo'' e afirmou que ''a Igreja precisava se opor às ondas de tendências e às últimas novidades''. O ardor na defesa das doutrinas tradicionais trouxe uma quebra do protocolo secular da sucessão papal: em uma celebração aberta pela primeira vez ao público, o colégio dos cardeais o aplaudiu em peso. Se até então o pré-conclave demarcava dois blocos, um pró Ratzinger e outro mais liberal - que ainda buscava um nome para enfrentá-lo -, a reação inédita deixou claro que a sucessão se definira. Bento XVI assume sob o signo de uma austeridade ligada às raízes da instituição. Depois de João XXIII, o bom, de João Paulo I, o papa sorriso, e de João Paulo II, o peregrino, o Sumo Pontífice do Terceiro Milênio deve ser o papa sério. A indicação desse compromisso está na História. O inspirador de Ratzinger nasceu em 480, em Nursia. Em plena decadência do Império Romano, deixou a lascívia que Roma oferecia para refundar a Igreja a partir da introspecção e da busca pelo espírito no monastério. Fugindo da tentação, optou por uma vida de atenção às palavras de Deus, da qual surgiram as regras que se tornariam um paradigma na Europa. O paralelo, como se vê, é evidente. Os cardeais escolheram como eleito de Deus alguém que tornou-se poderoso pelo ardor com que exerceu o papel de guardião da doutrina católica, na qual a palavra obediência volta a ser, a partir de agora, símbolo e norma ao mesmo tempo. Como força política, a Igreja de Bento XVI, mais do que nunca, terá uma feição monolítica, coesa, minimalista na expressão, irredutível na atuação e impermeável às questões que a modernidade apresenta. A reação de desapontamento capturada aqui e ali pela escolha de alguém tão refratário às transformações sociais produzidas pela revolução tecnológica é compreensível. Enquanto João Paulo II, tão conservador quanto seu sucessor, estendia os braços até que os dedos tocassem nas bordas da atuação eclesiástica, Bento XVI pretende observá-las a distância, do trono de São Pedro. Governará da Europa, de olho na Europa. O novo papa não pretende discutir sobre os avanços da ciência no campo antes exclusivo da fé; vai reafirmar, sim, o domínio desta acima de qualquer outra manifestação, mesmo que signifique perder de vista a vanguarda do conhecimento. Não deve atuar com o mesmo viés político, uma vez que o mundo pelo qual Karol Wojtyla se bateu, dividido entre o comunismo e o liberalismo, mudou de feição, e as ameaças, segundo Ratzinger, se esconderiam não mais nos regimes, mas nos ventos de reforma nos quais inclui discussões sobre o papel das mulheres, o homossexualismo e a Aids. O sopro bafejado do Concílio Vaticano II, assim, se tornaria ainda mais tênue do que já é. Em muitos discursos e comentários após a indicação, porém, manifestou-se a esperança de que o Espírito Santo e o peso da investidura papal possam equilibrar os pesos e medidas no novo pontificado. Há sinais de que Bento XVI possa vir a ser um Sumo Pontífice afeito ao diálogo. Em entrevista ao Jornal do Brasil, na única vez em que esteve no Brasil, em julho de 1990, Joseph Ratzinger afirmou que ''conciliar unidade de fé e multiformidade de culturas não é um conflito, é uma tarefa para os que professam a fé cristã''. Que assim seja.

18.4.05

Cultura e técnica


Observando o ponto de vista proposto por Murphie e Potts em "Culture e Technology" para o termo “cultura” a partir da reflexão do músico Brian Eno...

“It is what people do, beyond the basic necessities of survival and bodily function”.

Segundo o que propõem os autores, o termo cultura está associado à idéia de um conjunto de respostas que uma sociedade desencadeia como meio de obter êxito perante as suas necessidades.

Essa reflexão corrobora com a noção de que a cultura não se dissocia da técnica (como propõe Simondon), uma vez que essa última irá representar exatamente o meio através do qual a sociedade alcançará os seus propósitos no contínuo embate entre o homem a natureza.

Seja na construção do simbólico ou no exercício do fazer prático, é através da técnica que uma sociedade institui a sua maneira de dominar a natureza em prol da satisfação, repito, das suas necessidades mais basilares. O conceito de cultura, portanto pode ser apreendido como um conjunto de técnicas adotadas por um grupo de pessoas com o intuito de satisfazer tais necessidades. A idéia de cultura está na forma como essa sociedade irá solucionar os seus problemas diante das demandas da natureza.

Por outro lado, a definição de Brian Eno exige certa reflexão e por isso proponho que seja retomada sua definição da cultura como “qualquer coisa que nós não temos que fazer”.

Talvez esteja por trás dessas palavras a idéia de elegibilidade. Não cabe ao ser humano optar por comer ou abster-se da alimentação, mas a ele cabe optar por comer isso, aquilo ou aquilo outro. Comer isso ou aquilo é uma opção que sofre grave influencia do contexto em que se insere a reflexão sobre o que comer. Não cabe ao homem optar por proteger-se ou não das intempéries, mas a ele cabe escolher vestir-se dessa ou daquela outra forma, ou habitar desse ou daquele modo, e a opção realizada estará, naturalmente, condicionada pela maneira como esse indivíduo, enquanto parte de um todo (social) irá lançar mão da técnica para satisfazer tal necessidade. Da mesma maneira, a forma como uma civilização irá lidar com a temporalidade ou com a produção do simbólico sofrerá implicações severas desse conjunto de técnicas do fazer e do pensar que irão, em última instância, determinar o surgimento da cultura. Para exemplificar, parece ser exatamente esse movimento que nos possibilita falar sobre a cultura oriental, a cultura brasileira, ou, para citar um exemplo do texto, a cultura jovem.

Por fim, ressalto o centro da minha reflexão e resumo em poucas palavras a crítica (assumidamente superficial) que proponho à noção trazida no texto, sem ter a pretensão de estabelecer um postulado.

Cultura, a meu ver, antes de ser “aquilo que não temos que fazer”, representa aquilo que surge a partir de um quadro não mensurável de opções que se institui como resposta a uma problemática da natureza, cuja elegibilidade sofre influência incondicional do contexto em que se dá a escolha. Por trás da escolha haverá a técnica, e por trás da técnica, a cultura.

16.4.05

Sobreviverá?

destacado


Inspirado por um pensamento de André Lemos, em nossa última aula, sobre a importância da literatura que, segundo ele, hoje, ‘explica as coisas do mundo melhor que a teoria’, tiro do argentino Clarín uma entrevista e um conto.

ENTREVISTA CON WALTER BENDER

“Los e-books no muerden”

Algunos no querían al libro electrónico porque era incómodo y no se lo podía llevar a ciertos lugares. Ahora ya no tienen excusas", dice Walter Bender, uno de los pioneros en las publicaciones electrónicas y director del Laboratorio de Medios, del Instituto de Tecnología de Massachussetts (MIT), en el noreste de los EE. UU. "Ya hay un e-book que permite leer 10.000 páginas sin cambiarle las pilas; se lo puede usar al aire libre e incluso llevarlo a la cama."

Bender recibió a Ñ en su amplia oficina del MIT, ante un escritorio negro y redondo y un micrófono triangular en el centro. Minutos atrás, jugaba en la otra punta del salón ante una mesa baja con sus rompecabezas de colores. "Ordenan el pensamiento y divierten", dice.

- —¿Qué es un libro electrónico?

- —Su característica esencial es que se publica sin la necesidad de imprimirse en papel o sin el sistema tradicional de transporte y venta. Eso abre un abanico importante: por ejemplo, un audio libro que se baja dentro de un iPod (una pequeña computadora que es, básicamente, un reproductor de audio y permite guardar hasta 1500 canciones) podría ser considerado como un libro electrónico. O también algunos de los libros del Proyecto Gutenberg, una organización que tiene digitalizados 15.000 títulos, a los que se accede gratuitamente.

- —¿Todo texto electrónico es un libro?

- —Sí. No me interesa hacer una distinción entre ellos. Ya sea uno que se lee en una computadora portátil a través de un buscador de Internet o el sofisticado Librié de Sony, lanzado en 2004: un aparato electrónico cuya pantalla se asemeja a la hoja de un libro y que permite almacenar hasta 500 títulos. La filosofía es la misma: libertad para leer y acceder al texto de forma más simple que yendo a una librería y sin papel.

- —¿Los libros tradicionales serán objetos de museo?

- —En algunos rubros esto ya ha pasado y nada terrible sucedió. Las enciclopedias, las publicaciones de referencia científica y los diccionarios hoy son electrónicos por excelencia porque es la mejor forma de tener la información al día; nadie gasta dinero en un libro que está desactualizado casi al momento de la impresión. En ese sentido, la enciclopedia Wikipedia (http://www.clarin.com/redirect.html?url=http://www.wikipedia.org) de uso libre y en la que cada usuario también puede aportar material o corregir el existente es un excelente ejemplo de libro electrónico.

- —¿Hubo voces apocalípticas cuando esas publicaciones quedaron atrás?

- —No, es que se hizo como una moda, desde otro lugar, y nadie puede decir que los viejos tiempos —al menos para esos libros— fueron mejores porque no es así. Los libros de papel van a convivir con ellos como con otras tecnologías. Las ediciones serán más pequeñas pero veremos más diversidad de títulos.

- —¿Y qué se puede esperar de los futuros libros electrónicos?

- —Que sean más baratos, mejores, con múltiples páginas, más livianos, con baterías que duren más y con mejores interfaces para usarlos.

- —¿Cambiará la relación entre escritores y lectores?

- —Habrá más autores, como el caso de Bill Jodrey —un hombre mayor que cuenta sus memorias sobre la Gran Depresión— que publicó su primer libro por capítulos en Internet entre 1997 y 2000 y cuya edición en papel es del 2002. También habrá bellas anomalías como la de Marvin Minsky, pionero en inteligencia artificial, que está escribiendo un nuevo libro online: sus lectores le dan su opinión por e-mail y así el libro, llamado The Emotion Machine, puede ser revisado y redefinido.

- —Entonces los tecnofóbicos no tienen por qué preocuparse...

- —Hasta donde yo sé, los libros electrónicos no muerden.




Un cuento de Graciela Montes


A esta altura — abril de 2105 — yo ya debería estar muerta y bien muerta. Si no lo estoy es debido a que di con el libro que contiene la respuesta a todos los enigmas, también el de la muerte: estaba sepultado en las profundidades de una mesa de saldos. Lo reconocí por haber leído acerca de él en Las mil y una noches, noche número 469 para mayor precisión, página 198 del tomo VI de la edición de Anaconda (Buenos Aires, 1955), traducida "directa y literalmente del árabe" por el doctor Mardrus (y luego directa y literalmente del francés por Blasco Ibáñez). A cambio de ese libro, el magrebí se había desprendido sin titubear de los cuatro tesoros de Schamardal: la bola de recorrer el mundo sin moverse de sitio, la barrita de Kohl para abrir los ojos a lo oculto, el alfanje de derrotar ejércitos y el anillo de consumar deseos (tesoros conseguidos, dicho sea de paso, gracias a los servicios de Juder, el pescador, que a diferencia del magrebí no aspiraba al libro sino a la bolsa de la comida eterna). El de mi mesa de saldos era un ejemplar defectuoso — le habían arrancado la portada y le faltaba un cuadernillo —, lo que explica que no haya alcanzado yo la inmortalidad sino apenas la moratoria: cien años más para seguir buscando.

Los jueves salgo a mirar libros. Empiezo por Las Encadenadas (en mi barrio hay siete, alineadas en la avenida) y me topo con una cuadrilla de repositores. Ultimamente han adoptado la pala mecánica para agilizar el trabajo, que debe hacerse tres veces al día — siete de la mañana, dos de la tarde y ocho de la noche — según aconseja la profilaxis librera.

Como forma de colaboración y para no perder las ventajas que ofrece el servicio de novedades, los encadenados ya han apilado los libros de la mañana, y restos de los de la noche anterior, en la vereda. Deberán ser reciclados y transformados en pasta de papel fresca antes de que el sol se ponga. En la maniobra algunos ejemplares caen al suelo y son recogidos a toda velocidad por los cartoneros, que espían el contenido antes de arrojarlos al carro. La tarea se lleva a cabo con eficacia y no dura sino unos minutos.

De inmediato entrarán a tallar los apiladores y los vidrieristas. Armarán efímeras esculturas con los ejemplares de las mesas y delicados móviles a lo Calder que, colgados de los ganchos de las marquesinas, llamarán la atención de los transeúntes. En esta ocasión predomina el amarillo: las memorias de un pornógrafo infantil infantil (ese doblete será clave para el éxito) y el "testimonio-investigación" de un periodista acerca de un escándalo con el papel (reciclado, naturalmente) que había estallado la semana anterior. La salida se había demorado más de lo previsto y la noticia ya no producía el mismo efecto, de modo que había sido necesario recurrir al amarillo rabioso más una antiquísima foto del actor Gérard Philippe devorando hojas de libro, aunque con el agregado de genuinas gotas de saliva en la comisura de la boca.

No es fácil alimentar el circuito, la producción afloja. Hay constantes quejas por debilidad, inconsistencia y exagerada redundancia. Los editores desesperan. Recientemente la feroz competencia por una novela — bastante buena por cierto, con una auténtica historia y una escritura que sin duda había demandado más de una semana — derivó en un espionaje despiadado y después en un crimen (que, por fortuna, dio lugar a un nuevo libro).

Los escribas (ficcionantes, traductores, verseadores, ideotantes.), si bien cuentan con los Archivos Inconmensurables, con un aceitado sistema de canjes y compra de derechos de párrafos (el decreto 456.783 de cut and paste se ha convertido ya en ley nacional) y con un fluctuante sistema de mecenazgo, no logran dar abasto, y a menudo desfallecen. Los pocos que, por azar o por perseverancia, atrapan una historia y consiguen ensamblar a tiempo todas las palabras que les hacen falta para contarla alcanzan un provisorio bienestar, y reciben flores, kiwis maduros y racimos de uvas. Luego son olvidados. El precio de los libros tiende a aumentar. Hubo un período de abaratamiento, pero luego de la Deforestación Total (Brasil, Indonesia, Congo, Bolivia, México, Venezuela, Malasia, Myanmar. y finalmente también Sudán y Tailandia), sancionada la ley de reciclamiento obligatorio, los costos se fueron a las nubes. Los procedimientos que se emplean siguen siendo engorrosos, aleatorios (los ejemplares muy laminados o con detalles en peluche, tan de moda diez años atrás, no terminan nunca de disolverse en el agua) y, además, contaminantes.

Hay 513 pantallas gigantes, distribuidas a lo largo de la ciudad, donde se registra, hora tras hora, junto con el índice de contaminación ambiental, la cotización del papel. Se dice que los repositores retienen la mercadería en sus palas para especular con el precio, y que los cartoneros hacen acopio de libros en cuevas donde siempre, según se asegura, preside una estampita de San Hrabal; si no ricos, muchos de ellos se han vuelto buenos lectores. El sistema es durísimo y, aunque hay variedad de sellos editoriales, los Poderes Universales son sólo tres y cotizan sus acciones en pasta.

De Las Encadenadas me voy a Los Recoletos, donde el ritmo es diferente. Son locales estrechos, bastante profundos, cuya puerta suele simular la cubierta en cuero de un libro. Carecen de vidrieras o, si las hay, tienen la forma de pantallas que van desgranando, pliego a pliego, un viejo manuscrito; parlantes diminutos reproducen el untuoso, casi imperceptible, crujir de la vitela. En el interior — un interior donde sólo las almas sofisticadas se introducen — hay todo tipo de simulacros: una escena íntima de madre con niño en la falda leyendo un cuento (de la página del libro brota una suave luz iridiscente), un antiguo tallando frases inmortales en la piedra, un joven abismado en un libro debajo de un castaño (a su vera, una bandeja con magdalenas)... Son escenas virtuales de última generación, sensuales y propioceptivas, algunas ya están en venta.

En Los Recoletos la atención es personalizada. El Encargado ofrece asiento, sosiego, algún dulce, y enciende la seducción con mano sabia. El catálogo es amplio. Se puede elegir entre rollos griegos, que se desenvuelven y vuelven a enrollarse, recogiéndolo a uno dulcemente en su seno; manuscritos gigantes dotados de un ingenioso mecanismo para dar vuelta las hojas, que deben instalarse en una habitación construida para ellos ex profeso (sin ventanas, para simular que podrían ser dañados por la luz del sol); cuentos y relatos hechos por eficientes escribas y paraescribas a la medida exacta del cliente, tomando en cuenta su nombre y profesión, su pasado, las circunstancias, anhelos y enfermedades que lo aquejan, etc., para garantizar así la identificación terapéutica, y hasta libros electrónicos mutantes, cuyos códigos de barra, que son en realidad sensores, soban y luego penetran el deseo inexpresado del que lo tiene entre manos, que creerá haber dado con lo que en secreto estaba buscando. Los precios son aquí siderales, monstruosos, inalcanzables, y el sistema de seguridad y control es tan ajustado que es impensable robarse un libro. A Los Recoletos concurren en ocasiones las parejas que forman los hijos de los Zares del Papel para hacer sus listas de casamiento.

Termino mi recorrida, como suele sucederme, en las catacumbas, donde se reúnen los lectores, algunos con gorro de explorador, otros en bata china. Me interno, husmeo. Hay celdas y patios de lectura, archivos infinitos, terminales de memoria a cada paso, estanterías en forma de laberinto, bellamente ordenadas, y mesas de saldos sorprendentes. Una muchacha sentada en el suelo pasa los dedos y después la lengua por las letras del libro que está leyendo. Dos cibernautas acaban de dar con una jarcha de amor, uno de ellos se la escribe en la mano con birome porque teme olvidarla cuando se borre de la pantalla. Un verseador tenaz, de los que vocean su obra en la puerta de los cines, termina de tipiar su esténcil. Editores, escribas y paraescribas, que a esa hora bajan a calentarse, acercan las manos a la salamandra que arde siempre en el centro. Un librero lector (creo que lo conozco) me sale al paso al doblar un recodo y, como anfitrión elegante, me conduce a la mesa. Comienzo a hurgar. Palpito y, como siempre, goteo con pis la entrepierna: debajo hay algo que yo esperaba, algo que me está esperando.


14.4.05

Sem conseguir me desvencilhar de Heidegger...

No final de março postei uma reflexão sobre a relação entre a dicotomia virtual/atual e a noção de desvelamento proposta por Heidegger. Gostaria de dar prosseguimento a esse debate, agora que a colega Lia fez algumas indagações, e pedir a opinião de todos a esse respeito...

O que ocorre é que a noção de “atualização”, ao meu ver, deve muito à idéia de desvelamento proposta pelo filósofo alemão, embora tenha a nítida impressão que o conceito não tenha sido tão bem pensando, nem tão bem desenvolvido e, especialmente, não ter sido tão bem apresentado por Pierre Levy, como Heidegger o faria. Mas isso é outra coisa...

Observemos bem o seguinte trecho do livro “O que é o virtual” (p. 16):

“A atualização é criação, invenção de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças e de finalidades. Acontece algo mais que a dotação de realidade a um possível ou que uma escolha entre um conjunto predeterminado: uma produção de qualidades novas, uma transformação das idéias, um verdadeiro devir que alimenta de volta o virtual”.

A idéia de desocultar pressupõe uma existência prévia do “possível” na forma de “um complexo problemático, um nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização”, que é a definição que Levy dá para o conceito de “virtual” nessa mesma obra.

A reflexão chave que tento fazer é que, não há como desvelar o que não existe sob qualquer aspecto, se existe e não foi ainda trazido à “presença” só pode existir enquanto potência... Se existe como potencia, é um elemento em virtuais condições de ser desvelado, desocultado. Fazer emergir do virtual, para Levy é atualizar. Trata-se apenas de uma relação de conceitos, e é bem provável que um não se proponha a substituir o outro...

E tem mais: a idéia de um “verdadeiro devir que alimenta de volta o virtual” tem clara relação com a discussão da última aula. Nesse momento, como foi discutido, estamos vivenciando a luta da técnica contra a técnica, o que valida a idéia de retorno ao âmbito da problemática. Parece que a cada evolução tecnológica, a cada desvelamento, surge um novo complexo problematizante que remete tudo, novamente, à instancia da potencialidade. Se antes o “desocultamento” se dava a partir do embate do homem com a natureza, parece que agora a técnica concentra a maior parte dos seus esforços para desvelar a própria técnica, ou seja, a “segunda natureza”. É esse movimento que impõe o tal retorno ao virtual.
O que vocês acham?

13.4.05

Os milagres do papa midiático

Eis uma enquete interessante da Folha...

Fazer milagres também requer uma técnica. Paulo Coelho, por exemplo, sabe como fazer chover... Como será que ele faz chover?

12/04/2005 - 17h05

Você acredita em milagres ou a ciência explica tudo?

O Vaticano começou a levantar os supostos milagres de João Paulo 2º, provavelmente para fundamentar a abertura de um processo de beatificação do papa. Você acredita em milagres?

Sim. A ciência desconhece a origem de muitos acontecimentos, que só podem ser atribuídos aos milagres.
47%
145 votos
Talvez. Muitos acontecimentos classificados como milagres podem, futuramente, ser explicados pela ciência.
37%
113 votos
Não. A ciência explica absolutamente tudo.
16%
50 votos
Total 308 votos


Técnica e realidade

Olá pessoal,
achei esse vídeo interessante por nos levar a considerar nossa visão de realidade. Mesmo que seu conteúdo não seja real, podemos questionar como a técnica pode nos impor diferentes visões da realidade.

http://www.pentagonstrike.co.uk/pentagon_bp.htm#Main

abs,

Luis Lordelo

12.4.05

Bendict Anderson

Acredito ser este o nome do autor citado pela colega Jan. Na hora não consegui lembrar, mas não sosseguei até que lembrei. Eu sabia que tinha lido recentemente sobre essa tal "Comunidade Imaginada" onde estamos conectados "virtualmente" através de "um espaço simbólico compartilhado" (SILVERSTONE, 185:2002), sem necessariamente compartilharmos o mesmo espaço físico. Para quem faz a disciplina o Prof. Giovandro, o Bendict Anderson é citado por Silverstone em "Por que estudar mídia?" que acabamos de ler.

O livro de Anderson chama-se "Imagined Communities: Reflections on Origin and Spread of Nationalism". London, Verso:1983

É isso.

Abs

MM

11.4.05

O ovo ou a galinha ou os dois de uma vez só?

técnica

Na medida em que vou lendo o texto, Culture and technology, de Murphie e Potts, principalmente os conceitos de ‘Determinismo Tecnológico’ e ‘Materialismo Cultural’, vou resgatando as últimas discussões realizadas aqui no nosso Blogger.
De um lado, a idéia de que a tecnologia é independente, traça sua próprias regras no próprio curso que cria; do outro, a importância dada ao contexto cultural que cerca essa técnica, colocando a técnica muito mais como conseqüência do que causa...
As idéias de vários teóricos vêm para polemizar a questão e isso é muito rico: MacLuhan, Williams, Baudrillard, Winner, Ellul..

Resgato, então, o que havia conversado com o colega Sivaldo. Pareceu-me que ele via uma certa ética na técnica moderna, imbuída por uma vontade de superação que se instaura contra o poder autodestrutivo da physis, num processo de contínua recuperação. Me parece que a técnica, por si só, não determina nem quer isso. A técnica é e será, possivelmente por uma questão de sobrevivência da humanidade (lá no conto do Calvino) e muito por uma influência da cultura nos seus procedimentos ideológicos. Acredito também no que defende Santaella (em texto que já citei num outro Blog), ao dizer que existe uma ‘isomorfia’ que se instaura num determinado momento histórico, direcionando tudo para um determinado fim...

Destaco o exemplo que Winner apresenta e que é muito interessante, embora não fique muito claro, para mim, aonde ele quer chegar.
O autor rejeita o "determinismo social" sobre a técnica, no entanto, sabemos que existiram, de fato, razões para a reforma urbana de Haussmann naquela Paris urbanisticamente labiríntica/orgânica/feudal dos finais do século XIX (existem estudos que comparam essas razões como sendo similares àquelas que fizeram ACM, nos finais dos anos 60, abrir as Avenidas de Vale numa Salvador ainda, sob muitos aspectos urbanísticos, colonial).
Da mesma forma percebe-se que, uma vez instaurada em seus resultados (no caso, a reurbanização de Paris), a técnica acabou por servir para mudar a sociedade, servindo para preservar uma vontade política e repressora.
Resta, para mim, sentir que existe uma certa via de mão dupla... A técnica recebe influências e influencia...

Bem, fico por aqui, sonado, esperando comentários.

9.4.05

Técnica e(é) cidade(?)

downtown


A idéia de um universo técnico em expansão, levantada por Sivaldo, me fez lembrar de um dos pequenos contos do livro
Cidades Invisíveis, de Italo Calvino... As Cidades e o céu 3.
Me passa mesmo a idéia da técnica moderna em luta contra ela mesma...


Quando se chega a Tecla, pouco se vê da cidade, escondida atrás dos tapumes, das defesas de pano, dos andaimes, das armaduras metálicas, das pontes de madeira suspensas por cabos ou apoiadas em cavaletes, das escadas de corda, dos fardos de juta. À pergunta: Por que a construção de Tecla prolonga-se por tanto tempo?, os habitantes, sem deixar de içar baldes, de baixar cabos de ferro, de mover longos pincéis para cima e para baixo, respondem:
– Para que não comece a destruição. – E, questionados se temem que após a retirada dos andaimes a cidade comece a desmoronar e a despedaçar-se, acrescentam rapidamente, sussurrando: – Nao só a cidade.
Se, insatisfeito com as respostas, alguém espia através dos cercados, vê guindastes que erguem outros guindastes, armações que revestem outras armações, traves que escoram outras traves.
– Qual é o sentido de tanta construção? – pergunta – Qual é o objetivo de uma cidade em construção senão uma cidade? Onde está o plano que vocês seguem, o projeto?
– Mostraremos assim que terminar a jornada de trabalho; agora não podemos ser interrompidos – respondem.
O trabalho cessa ao pôr-do-sol. A noite cai sobre os canteiros de obras. É uma noite estrelada.

– Eis o projeto – dizem.


Acredito que seja o que, teoricamente, diz Aldo Rossi em A arquitetura da cidade (Martins Fontes, 1995). Destaco um pequeno trecho de minha dissertação de mestrado, com o meu entendimento sobre as idéias do arquiteto e urbanista italiano.

...a arquitetura é responsável por criar a “forma concreta da sociedade”, sempre em sintonia com a construção do material humano que ali vive. Isso resultará numa alternância de papéis entre criador e criatura. O homem com sua inteligência constrói a cidade ao mesmo tempo em que o advento cidade é razão ou não para a perpetuação da espécie humana...

Não é o que acontece com essa dependência instaurada por nossa cultura, segundo Sivaldo? Sobreviveríamos, hoje, sem a tecnologia? A cidade não seria um dos ‘lugares’ da técnica? No texto de Calvino, não há uma referência que indica a physis como modelo?

8.4.05

METAMORPHYSIS TECHNOPOÉTICA


Seres alados desocultam-se dos casulos e libertos abraçam efêmeros o caos espaço-temporal do cosmos...caosmose. A poesia da vida – physis. Metamorfose ambulante? Metamorphysis - uma metáfora para nos auxiliar na percepção ontológica e poética da técnica. Poética? Sim. Porque não, então? Heidegger já nos fazia recordar que a techné do gregos pertencia a produção, poiésis. Como ele mesmo costumava dizer: ”é algo poético”, assim como o é a physis. Brindou-nos Heidegger, ao falar da questão da técnica com uma bela poesia de Hölderlin: ”...poeticamente o homem habita esta terra”. Na poesia da aventura humana o sílex constituiu o córtex, como quiseram Gourhan, Spengler, Moscovici e Canguilhem. O silício dos chips nas redes hibridizadas continua a história da vida evolutiva humana nas conexões que instauram múltiplos e complexos diálogos digitais e constituem, a cada segundo o fantasmagórico alucinante e consensual ciberespaço real. Seria a saga da linhagem tecnológica da qual nos falou tão bem Deleuze e Guattari em Mil Platôs? Fluxos caóticos...impregnados de paixão, subjetividades e interesses como nos falou Latour sobre a técnica? Finalmente, em Prigogine e Stengers - A Nova Aliança, quando propõem que há uma metamorfose atingindo “em cheio” as ciências contemporâneas, fazendo-as descobrirem a natureza no sentido da physis. Uma “escuta poética da natureza, processo natural em um mundo aberto”, como eles disseram. A autonomia das coisas e não apenas das coisas vivas é admitida pela ciência. Uma poesia dos quase-coisa objetos como se refere Serres aos objetos técnicos? Ou o pesadelo das máquinas autômatas ameaçadoras do poder humano sobre tudo, como temem os ingênuos distópicos? Pensar a técnica nessa perspectiva talvez possa causar algumas dissonâncias frentes aos discursos racionais, racionalizados, racionalizantes e deterministas da técnica, da natureza, da ciência ou da sociedade. Mas também pode, inaugurando caminhos mais abertos para o pensamento e para a vida, abrigar metamorfoses contemporâneas que nos salvem dos perigos extremos, como nos alertou mais uma vez Heidegger, escondidos nos casulos esquizofrênicos da racionalidade iluminista e faustiana, que nos aprisionam numa catastrófica lógica instrumental, exploradora da natureza, da técnica e do próprio homem. A poesia da vida physis continua libertando seres alados dos casulos, enquanto os seres pensantes pilotando uma obsoleta techné voam sempre nos mesmos céus. Conseguiremos voar “além dos aviões de carreira” ?

A técnica contra a técnica

A concepção da técnica enquanto luta contra a natureza, embora seja bastante lógica e aceitável, sempre me incomodou pelo seu aspecto dualístico (de certo modo é neste ponto que a crítica de Leroi-Gourhan se torna interessante... apesar da nebulosidade do que ele chama de "natureza"). Lendo o Castoriadis algumas questões me vieram a mente. Primeiramente, é interessante a percepção deste autor quando ele diz que

(...) "a técnica se apóia nesta racionalidade do real". Mas, ela faz muito mais: explora, descobre ativamente, foça a aparecer o que era simplesmente virtual (...) se utiliza de um conjunto de propriedades ocultas da natureza, que sem ele [o fazer técnico] estariam perdidas, das quais podemos dizer náo só que na natureza estáo sem contato uma com as outras ,mas também que estavam condenadas, physei, a ficar assim pra sempre. (p. 246)

Deste modo, a técnica é menos uma luta contra a natureza e mais uma reinvenção desta a partir do elemento "humano" (que tb faz parte desta mesma physis). Ou seja, a técnica se utiliza da physis para "reconstruir", "reordendar" a própria physis a partir de outros princípios [o princípio humano]. Como a essência da técnica é desvelamento ela é capaz de desocultar (fazer existir) a physis de outros modos, inclusive uma physis contra-poietica. Isto é, há um aspecto contra-poiético (auto-destruidor) da physis que está oculto (por exemplo, enriquecimento de urânio) . Isto quer dizer que physis não é apenas autopoietica mas é também o contrário disso: autodestruidora. É neste sentido que a técnica nos aparecerá dualísticamente como luta contra a natureza quando na verdade ela é mais que iso: é uma reinvenção da natureza que gera um universo "reordenado" a partir do princípio humano ( como diz Loroi-Gourhan - citado pelo Castoriadis " há todo um aspecto da tendência técnica que diz respeito à construção do próprio universo"). O problema da técnica é que a construção deste próprio universo (a partir do desvelamento da natureza) pede mais desvelamento (é um universo em expansãol). Sendo assim, no que diz respeito à técnica moderna, a luta (no sentido de domínio) do homem não é contra a natureza no seu estado "primitivo" apenas, mas (sobretudo) contra os efeitos autodestruidores desocultados desta mesma natureza. Como não conseguimos sair deste universo que criamos (a tecnosfera) então tendemos a criar mais técnica para dominar a própria técnica. Ou seja, o destino da técnica é lutar contra si mesma.


divagações pro debate...

abrs
Sivaldo

7.4.05

O destino e o perigo de Heidegger

La clairvoyance. Magritte, 1936.
La clairvoyance (autoportrait), de René Magritte - 1936

Parece que tudo está aí, ‘pronto para o uso’, como se toda a tecnologia fosse algo que, mais cedo ou mais tarde, pintasse no mundo proporcionando um determinado uso a partir dos materiais disponíveis...
Quando Heidegger fala do ‘perigo’, me parece é que perdemos o respeito com a ‘fonte’, instituiu-se uma relação de poder e, ainda por cima, desmedida com a natureza - a im-posição...
No fundo, sabemos disso, dessa ‘ingratidão’ e pressentimos, assim, o perigo a todo instante... Esses pressentimentos vêm sob a forma de alguns produtos criados por nós mesmos... Reparem, só pra citar, como vários filmes, textos literários, entre tantas linguagens artísticas, surgem meio que divinatórios... Eles antecedem o desvelamento (desvelam poeticamente) do que está por vir (o que está para ser desvelado), juntinho com o perigo conseqüente...
Entre tantos artistas videntes, vejam os romances de Verne, os argumentos de Kubrick, os troncos calcinados de Kracjberg, as fotos de Salgado, as peças de Stoklos, os quadros de Magritte... Daí a surpresa ao final do texto de Heidegger, aquela referência sobre a arte (assunto muito ‘velado’ durante toda a construção de seu pensamento no texto).


A revolta, 1985
A revolta, de Frans Kracjberg - 1985

Para entender a técnica, só mesmo usando aquilo que é “afim à essência da técnica” (também é technè), mas é “todavia fundamentalmente distinto”: a arte.

A “meditação do artista” é o que “não se fecha diante da constelação da verdade” - diante dessa outra natureza que o homem criou à semelhança daquela criada por Deus...


Denise Stoklos em Mary Stuart - 1987
Mary Stuart, de Denise Stoklos - 1987

Sem dúvida, para mim, o texto de Heidegger ainda é o que há... ele fica impregnado na gente como tatuagem: lembrando, lembrando, lembrando...
Heidegger é, ao mesmo tempo, o destino e o perigo...



6.4.05

technologic

mais uma letra de música: uma tecnológica da sociedade... compre, use, quebre, jogue fora, mude, mande, atualize, carregue, aproxime, aperte, trabalhe, apague, tecnologicamente... verbos de uma geração que googleia por aí... a música, lançada no novo álbum do daft punk, é cantada por uma voz robótica/infantil com batida eletrônica (e pode ser encontrada em mp3 por aí...). para sacudir o corpo em alguma pista eletrônica e tentar refletir um pouco sobre o que vivemos.

technologic - daft punk

Buy it, use it, break it, fix it,
trash it, change it, melt - upgrade it,
charge it, pawn
it,zoom it, press it,
snap it, work it,
quick - erase it,
write it, get it, paste it, save it,
load it, check it, quick - rewrite it,
plug it, play it, burn it,
rip it, drag and drop it, zip - unzip it,
lock it, fill it, curl it, find it,
view it, curl it, jam - unlock it,
surf it, scroll it, pose it, click it,
cross it, crack it, twitch - update it,
name it, read it, tune it, print it,
scan it, send it, fax - rename it,
touch it, bring it, obey it, watch it,
turn it, leave it, stop - format it.

Buy it, use it, break it, fix it,
trash it, change it, melt - upgrade it,
charge it, pawn it, zoom it, press it,
snap it, work it, quick - erase it,
write it, get it, paste it, save it,
load it, check it, quick - rewrite it

plug it, play it, burn it, rip it,
drag and drop it, zip - unzip it,
lock it, fill it, curl it, find it,
view it, curl it, jam - unlock it,
surf it, scroll it, pose it, click it,
cross it, crack it, twitch - update it,
name it, read it, tune it, print it,
scan it, send it, fax - rename it,
touch it, bring it, babe,
watch it,turn and leave, its time for 'matic.

5.4.05

Ainda o 'desvelamento' de Heidegger

Colegas, André,

Depois da última aula, fiquei com uma 'puga atrás da orelha': posso dizer que, cada época, tem um 'modo de desocultação'? Se sim, então devo prestar atenção em como Heidegger trata a palavra 'destino': "(...)O mandar que reúne, único a levar o homem à via do desvelamento o chamamos o Geschick, o destino. A partir daqui se determina a essência de toda a história. (...) Esta última [a atividade humana] se torna história apenas enquanto é o envio de um destino. (...)" (pg.14 da tradução de W. Gomes)

Então, se a essência da técnica é um 'modo de desvelamento' do mundo, poderia dizer q, em dimensão micro, uma prática social instituída (de um determinado campo) revela esse 'modo de desvelamento'?

Robôs?

Lataria3

Se às vezes me vem a imagem que nós humanos perdemos “o trem da história” – uma chegada intempestiva na ferroviária e o trem que parte deixando um rastro de óleo, fuligem (meu trem ainda é movido a carvão, gente) e eu sozinho na plataforma – a imagem construída por Oswald Spengler me pareceu bem mais dramática.
“O nosso dever é permanecermos, sem esperança, sem salvação, no posto já perdido, tal como o soldado romano cujo esqueleto foi encontrado diante de uma porta de Pompéia, morto por se terem esquecido, ao estalar a erupção vulcânica, de lhe ordenarem a retirada. ”
Perto de Spengler, me parece que Baudrillard e Virilio ostentam um ceticismo infantil.
Envolvido com os textos do filósofo e, mais recentemente, com o texto de Leroi-Gourhan, fui ver o filme Robôs com meu filho de quase seis anos, o Chico.

O filme conta a vida de robôs num mundo composto de robôs. Há um dado bem interessante nesse mundo... Os robôs não vivem o consumo de uma maneira, digamos, atual... Eles vão repondo suas peças, internas e externas, ao longo dos anos... peças herdadas de família, peças usadas...


Lataria2

De uma família robótica, um rapazinho (robô) parte para a cidade grande em busca de reconhecimento. Ele quer mostrar uma invenção sua para a indústria que produz peças de reposição para todos os robôs do mundo. Chegando lá, ele percebe que tudo mudou.
Como toda narrativa, surge o conflito... Há um vilão que toma o lugar do produtor de peças de reposição (não fica bem explicado como isso acontece) e resolve parar de fabricá-las para, com isso, forçar os robôs a comprarem um lançamento (tipo uma armadura peitoral) em aço escovado...
Aqueles que não podiam arcar com essa ‘nova ordem’ eram capturados e levados a uma espécie de ferro-velho (tipo um ‘inferno’ comandado por uma robô, a mãe do vilão, com uma tremenda cara de Exu) para serem derretidos numa grande fornalha e depois reciclados em inox.
É bem sugestivo o uso dos materiais no filme; parece traduzir, para mim, uma transição na produção industrial da nossa modernidade(?)...
Há uma estética retrô no filme, muito similar àquelas geladeiras Frigidaire/General Electric, anos 50, feitas para durar três gerações (conheço uma moça que, recentemente, tão logo conseguiu ‘luz’ para sua casa no Capão, herdou uma dessas duráveis da tia de Salvador).

Não é por acaso que essa estética está presente no filme...
Não aconteceu essa grande transformação na produção dos bens de consumo, de 50 anos pra cá? Não é o que acontece com a tecnologia que, cada vez mais, produz o mais descartável para induzir ao consumo mais rápido?
Não seria o filme uma prévia do mercado do futuro, com o avanço da pesquisa das células-tronco... Depois de já termos virado mercadoria no plano das relações, influenciados pelo sistema selvagem de troca econômico (me lembra A metrópole e a vida mental, de Georg Simmel) viramos cyborgues – do homem fragmentado da modernidade ao homem implodido pela informação e (me lembra A leitura fora do livro, de Lúcia Santaella) materialmente composto de pedaços substituíveis num futuro próximo...
É interessante observar outros aspectos do filme que sugerem interpretações: os robôs do filme tem mãos com dedos (me lembro como é complexa a reprodução mecânica e eletrônica, hoje, dessa estrutura); as crianças são gestadas na medida em que os pais vão montando as suas peças e crescem na medida em que suas peças vãos sendo substituídas (pela concepção in vitro e não in loco); há, no filme, uma distinção que começa a ser empreendida com mais ênfase na sociedade dos robôs: entre os que podem e os que não podem comprar (problema velho e, parece, irremediável)...


Lataria

Muito bem feito, ‘tecnicamente’ falando, o filme me cansou um pouco pela quantidade de citações que cada vez mais esses filmes infantis, ‘para todas a idades’, têm. Eles hoje devem atender às crianças, aos adultos, a todo mundo e, com isso, perdem em espontaneidade e singeleza. Cada cena é pensada para agradar a vinte gerações de uma só vez. Daqui a pouco teremos apenas uma modalidade de filme, de livro, de roupa, de comida... É um pouco o que acontece com Harry Potter – literatura de consumo para todos. Como diria o Fernando Paixão, editor da Ática, num processo de ‘juvenilização do público adulto’...


4.4.05

Folha Online - BBC - Tetraplégico controla televisão com ajuda de chip no cérebro - 31/03/2005

Como falávamos na última aula...a relação corpo e tecnologia vem da pré-história e adquiri contornos radicais hoje.
Vejam o meu site sobre Cyborgs.

Vejam a matéria da Folha:


Folha Online - BBC - Tetraplégico controla televisão com ajuda de chip no cérebro - 31/03/2005: "Tetraplégico controla televisão com ajuda de chip no cérebro
ROLAND PEASE
da BBC Brasil

Um americano paralisado do pescoço para baixo tornou-se capaz de controlar objetos à distância graças a um chip eletrônico instalado em seu cérebro --uma experiência que pode revolucionar a pesquisa no setor.

Com o mecanismo desenvolvido pela Universidade de Brown, em Rhode Island, Matthew Nagle pode ligar e desligar, mudar os canais e regular o volume de sua TV. Ele também foi capaz de controlar os movimentos de um braço mecânico.

Quando a medula espinhal é atingida em caso de acidentes, por exemplo, a 'comunicação' entre o cérebro e o resto do corpo pode ser cortada, mas a atividade eletrônica responsável pelos movimentos prossegue dentro do cérebro.

Na experiência, o chip conduz os estímulos eletrônicos do cérebro a um computador. Ao imaginar que está movendo o braço, Nagle movimenta o cursor na tela do computador.
"

31.3.05

só de passagem...

mais uma letra de música que surge do embate entre sociedade e técnica. nessa composição pitty tenta transcender a carne e o metal, mas a sociedade e o consumo conseguem detê-la... a não ser que pensemos na vida como uma passagem, e que há algo além disso... mas há vida além da técnica?

Só De Passagem

Eu não sou o meu carro
Eu não sou meu cabelo
Esse nome não sou eu
Muito menos esse corpo
Não tenho cor nem cheiro
Não pertenço a lugar algum
Eu posso ir e vir como eu quero
Nada me toca nem aprisiona

Vou pairando leve, leve...
Acima da carne e do metal

Eu possuo muitas coisas
E nada disso me possui

Eu não sou a comida que eu como
Não sou a roupa que eu visto
Não espere por uma resposta
Porque eu não tenho explicação
Eu não sou a minha casa
Não faço parte da minha rua

Vou pairando leve, leve...
Acima da carne e do metal
Eu possuo muitas coisas
E nada disso me possui
Espíritos são livres, espíritos passeiam por aqui
Espíritos são livres, espíritos só passam por aqui

30.3.05

Technology and the rest of Culture - Social research Vol.64, n. 3, fall 1997

Vejam que está na íntegra no periódico Capes. Número especial sobre o tema "Technology and the rest of Culture". Social Research- Volume 64 No. 3:

The papers in this special issue are all versions of presentations given at the conference on Technology and the Rest of Culture held at the New School in January of 1997. The conference was the fifth in a continuing series of Social Research conferences that began in 1989, all of the proceedings of which have appeared as special issues of this journal.

This series has several defining characteristics. First, it recognizes that even the most urgent contemporary events and issues are rarely unprecedented in human history, and second, that earlier experiences and ideas, despite their obvious capacity to illuminate the present, are frequently forgotten in the heat of public controversy. At the same time, this series recognizes that there is an unfortunate tendency to address difficult and complicated matters with narrow expertise, even when meaningful insights and possible answers may be found by bringing to bear a wider range of perspective and ideas.

Table of Contents

Part 1. The Concept of Technology: History, Definitions, and Critiques

Introduction
Robert Heilbroner

Social Contexts of Technology
Robert McC. Adams

Technology: The Emergence of a Hazardous Concept
Leo Marx

Technology Today: Utopia or Dystopia?
Langdon Winner


Part 2. Keynote Address

Technology and the Rest of Culture: Keynote
Arno Penzias


Part 3. Case Studies

Introduction
Alan Trachtenberg

From the Printed Word to the Moving Image
Elizabeth L. Eisenstein

Shaping Communication Networks: Telegraph, Telephone, Computer
David E. Nye

Computational Technologies and Images of the Self
Sherry Turkle


Part 4. Science

Introduction
Nicholas Humphrey

Technology and Culture
Marvin Minsky

Three Laboratories
Peter Galison

Science and Technology: Biology and Biotechnology
Joshua Lederberg


Part 5. Political Life

Introduction
Ira Katznelson

Exaggerated Hopes and Baseless Fears
Alan Ryan

Constitutional Law and New Technology
Paul Gewirtz


Part 6. Imagination

Introduction
Rosalind Williams

Technology and Philosophy
George Kateb

Literature and Technology: Nature's "Lawful Offspring in Man's Art"
John Hollander

The Arrival of the Machine: Modernist Art in Europe, 1910-25
Robert L. Herbert


Part 7. Contemporary Moral and Political Issues: A Discussion

Introduction
Robert McC. Adams

Comments
Jerry Berman, Daniel J. Weitzner, Robert Heilbroner, William H. Janeway and Ira Katznelson

Technology: the emergence of a hazardous concept

Vejam Social Research: Technology: the emergence of a hazardous concept - Technology and the Rest of Culture: "Tip: Use the links above to see more articles from this publication or access all publications in this category.


Technology: the emergence of a hazardous concept - Technology and the Rest of Culture
Social Research,  Fall, 1997  by Leo Marx



'. . . the essence of technology is by no means anything technological.'

--Heidegger(1)


New Concepts as Historical Markers

The history of technology is one of those subjects that most of us know more about than we realize. Long before the universities recognized it as a specialized field of scholarly inquiry, American public schools were routinely disseminating a sketchy outline of that history to a large segment of the population. They taught us about James Watt and the steam engine, Eli Whitney and the cotton gin, and about other great inventors and their inventions, but more important, they led us to believe that technological innovation is a--probably the--major driving force of human history. The theme was omnipresent in my childhood experience. I met it in the graphic charts and illustrations in my copy of The Book of Knowledge, a children's encyclopedia, and in the alluring dioramas of early Man in the New York Museum of Natural History. These exhibits displayed the linear advance of humanity as a series of transformations, chiefly represented by particular inventions--from primitive tools to complex machines--by means of which Homo sapiens acquired its unique power over nature. This comforting theme remains popular today, and it insinuates itself into every kind of historical narrative. Here, for example, is a passage from a recent anthropological study of apes and the origins of human violence:"...

29.3.05

Thiago Ribeiro _ Heidegger

Durante a leitura de Heidegger, surgiram algumas reflexões (espero coerentes) que
optei por socializar com os demais. Vejamos a pertinência...

Diante do seguinte trecho:

"A produção se dá apenas quando algo oculto (velado) vem à
desocultação (desvelamento)".

Penso:

"Ora, se está oculto, é porque existe. Caso contrário,
nao poderia estar oculto. Apenas nao existiria. Se existe
e nao mostrou-se advento, nao foi trazido à presença, ou
seja, nao foi desvelado ou desocultado, existe em potência,
como um "complexo problemático"".

Percebo que o que está em jogo nao é a "existência" das
coisas, mas a verdade delas. O "estar-diante, o estar-disponível",
para os gregos, "alêtheia". Ao refletir sobre tais questões, sinto-me
compelido a retomar as considerações de Pierre Levy sobre a dicotomia
virtual/atual e afastar a oposição possível/real.

Cabe, ao meu ver, ressaltar mais uma vez que nao
há discussão sobre o que é, ou o que nao é, mas sobre o que
foi desvelado e aquilo que está por ser desocultado
e, nesse caso, acabo por propor que a noção de virtual está para o "oculto",
assim como o atual está para o "fruto-do-desvelamento", ou seja,
aquilo que os romanos chamam de veritas, no sentido de estar-presente, ou "a verdade".

Continuo:

"Aceitando que o processo de desvelamento (o ato de "fazer-advir na
presença") conduz o oculto à desocultação, retirando-o do estado de
potência e colocando-o à disposição, imagino se esse movimento nao
seria equivalente ao processo de "atualização" e o seu contrário
análogo à noção de "virtualização"".

Pretendo refletir melhor sobre a questão, mas nao pude conter o desejo
de dividir isso com alguém, ainda que nao passem de meras indagações...

thiago ribeiro

28.3.05

Mais questões ainda



Em função das questões levantadas pelo colega Medeiros, aproveito para tornar mais claras as minhas dúvidas... se é que isso é possível...

Levantei essa questão porque várias coisas têm pipocado na minha cabeça, desde a primeira aula de André Lemos...

É verdade, Heidegger busca na expressão grega ‘technê’ aquilo que concerne à pro-dução, ao fazer ‘poiético’, presente no artesanal e na arte chamada ‘superior’ (daí ‘poesia’; o ‘poeta’ também como ‘o fazedor’).

Por outro lado, me intriga o grego Platão que aceita o marceneiro e não aceita o artista em sua cidade ideal...

Mas, por outro lado, ainda, na página 7, ao analisar a técnica moderna, Heidegger constata o distanciamento da poiésis... pois, destacando um trecho do texto de André Lemos, “...A técnica moderna, ou o que chamamos hoje de tecnologia, é produto da (...) sua fusão com a ciência...” Nesse momento (século XVII), segundo Heidegger, o ‘desvelamento’ passa a ser uma ‘provocação’ (pag.7), ou seja, a natureza surge como um ‘produto da técnica’ (do livro Da imitação à expressão, de Jean-François Groulier, Ed. 34).
Não haveria aí, portanto, fora da poiésis comum às duas, uma ruptura entre técnica e arte?

Não podemos nos esquecer do que diz André Lemos em seu texto (pag.26): “...O conceito de tekhnè é fruto de uma primeira filosofia da técnica...”.

No momento em que a técnica se alia à ciência, diz também André em seu texto (pag. 49), busca essa aliança eliminar “a escória sensorial que dificulta o desenvolvimento livre da razão”.
Onde fica a arte nesse momento? Estaríamos vivendo uma espécie de neoplatonismo? Mas, desta vez, sem a autopoiésis, sem a autonomia da natureza (ainda persistente em Aristóteles, apesar da aceitação da ‘theoria’ como ‘natural’) severamente submetida à ‘im-posição’da técnica?

Outra questão que me intriga, também matéria da aula de André Lemos, vem da própria concepção do Homo Sapiens como ser que produz cultura a partir de sua capacidade de juntar técnica e pensamento simbólico (arte + língua)...
Não haveria aí uma certa constatação de dois ‘lados’ humanos?

Chego ao final do texto de Heidegger (suei...) com a impressão de que ele gostaria de encontrar uma mesma essência, naquele seu momento histórico (1953), entre arte e técnica... A resposta à pergunta que ele se faz, incansavelmente durante o texto, rende-se à idéia de que o artista tem a seu favor uma flexibilidade “diante da constelação da verdade”. (pag.22).
Encontrei no livro de Frederico Morais (Arte é o que eu e você chamamos arte - Ed. Record) uma citação de Mario de Andrade, de 1938, que me parece bem pertinente ao fim do texto de Heidegger: “Em arte, a regra deverá ser apenas uma norma e jamais uma lei. O artista que vive dentro de suas leis será sempre um satisfeito. E um medíocre.”

Agora, quando releio a música de Drexler, percebo que o artista contemporâneo não abre mão da técnica (presente em sua guitarra) mas abre mão, com muita tranquilidade, da ideologia massacrante da tecnocultura, da overdose dos artefatos, tudo isso em troca do ‘vos’ (o outro) - a sua tribo - e/ou ‘voz’ (no sentido sonoro) - sua própria expressão (que não deixa de envolver a técnica também).

19.3.05

Letra de música e questões

“...hay manos capaces de fabricar herramientas con las que se hacen máquinas
para hacer ordenadores que a su vez diseñan máquinas que hacen
herramientas para que las use la mano...”

Pois é, estava eu ouvindo pela milésima vez o Cd ‘Eco’, do Jorge Drexler (aquele que ganhou o Oscar esse ano, mas não cantou sua própria música...), quando ‘guitarra y vos’ veio, para mim, fazendo conexão direta com a primeira aula do Prof. André Lemos...
Venho pensando no início da segunda parte da aula; Platão e sua ‘cidade ideal’, nada receptiva para a presença do poeta (o fazedor), afinal não seria o produto de seu ofício uma ilusão? Depois a vez de Aristóteles, discípulo do mestre Platão, valorizando um pouquinho a capacidade de abstração do ser humano, a interpretação, e aceitando o espaço da ‘theoria’, da técnica como o ‘produzir algo’...
Vimos presente no Homo Sapiens - na gente - o encontro da técnica e do pensamento simbólico (língua e arte)... os elementos para a existência de cultura (transformação do mundo externo)...
Veio-me então uma questão que gostaria de dividir com vocês...
Essa divisão entre técnica e arte. Não haveria por baixo disso tudo a mesma essência invêntica, criativa do homem? O pensamento simbólico não estaria presente em tudo, originando tudo? Tanto a palavra quanto o pensamento matemático não seriam metáforas? Então a dimensão de técnica de Aristóteles teria se perdido... Por que da divisão, uma única verdade possível pela ciência?
Lembrei-me de um texto do Edgar Morin, A Fonte de Poesia, do livro AmorPoesiaSabedoria, uma boa discussão sobre objetividade e subjetividade.
É isso. Fica a letra da música de Drexler e a dubiedade que ele já lança no título... Quem quiser saber mais de Jorge Drexler, lá vai o site oficial dele: www.jorgedrexler.com
Espero comentários...

GUITARRA Y VOS
14.mayo.2002
(Jorge Drexler)

¡que viva la ciencia, que viva la poesía!¡qué viva siento mi lengua cuando tu lengua está sobre la lengua mía! el agua está en el barro, el barro en el ladrillo, el ladrillo está en la pared y en la pared tu fotografía / es cierto que no hay arte sin emoción, y que no hay precisión sin artesanía / como tampoco hay guitarras sin tecnología / tecnología del nylon para las primas tecnología del metal para el clavijero / la prensa, la gubia y el barniz : las herramientas del carpintero

el cantautor y su computadora, el pastor y su afeitadora, el despertador que ya está anunciando la aurora / y en el telescopio se demora la última estrella /
la máquina la hace el hombre……..y es lo que el hombre hace con ella

el arado, la rueda, el molino / la mesa en que apoyo el vaso de vino / las curvas de la montaña rusa / la semicorchea y hasta la semifusa / el té, los ordenadores y los espejos / los lentes para ver de cerca y de lejos / la cucha del perro, la mantequilla / la yerba, el mate y la bombilla

estás conmigo / estamos cantando a la sombra de nuestra parra / una canción que dice que uno sólo conserva lo que no amarra / y sin tenerte,
te tengo a vos y tengo a mi guitarra

hay tantas cosas / yo sólo preciso dos:
mi guitarra y vos / mi guitarra y vos

hay cines / hay trenes / hay cacerolas / hay fórmulas hasta para describir la espiral de una caracola / hay más: hay créditos / tráfico / cláusulas / salas vip / hay cápsulas hipnóticas y tomografías computarizadas / hay condiciones para la constitución de una sociedad limitada / hay biberones y hay obúses / hay tabúes / hay besos / hay hambre y hay sobrepeso / hay curas de sueño y tisanas/ hay drogas de diseño y perros adictos a las drogas en las aduanas/

hay-manos-capaces-de-fabricar-herramientas-con-las-que-se-hacen-máquinas
-para-hacer-ordenadores-que-a-su-vez-diseñan-máquinas
-que-hacen-herramientas-para-que-las-use-la-mano

hay escritas infinitas palabras :

zen gol bang rap Dios fin

hay tantas cosas / yo sólo preciso dos:
mi guitarra y vos / mi guitarra y vos

17.3.05

O Náufrago

From: macellomedeiros@aol.com
Subject: [Ciberfilosofia] 3/16/2005 05:07:53 PM
Date: March 16, 2005 17:16:25 GMT-03:00
To: alemos@ufba.br

Então. Partindo ainda da associação entre o filme "O Náufrago" e o texto acima (e a aula referente) tenho ainda considerações para compartilhar. (Espero estar sendo pertinente, caso contrário me desculpem !!!). Durante a exposição do Prof. André em algum momento ouvi ele falar sobre a pergunta deixada no ar pelo Leroi-Gourhan "A técnica deu origem ao homem ou o homem deu origem à técnica?". No caso particular do Filme, se considerarmos a definição de Maturana e Varela como sendo o corpo = máquina, e ainda a relação que outro téorico citado pelo Prof. André, Simondon, fez entre a máquina e sua auto-gestão, na qual ela própria indica a necessidade de correções, então o "Tom Hanks" deu origem a algumas técnicas exatamente para corrigir "defeitos" na sua "máquina". Por exemplo, a sede. A falta de água em sua "máquina" fez com que ele descubrisse uma maneira de abrir um côco sem destruí-lo. Depois de algumas tentativas ele percebeu que poderia perfurar o côco com o auxílio de um "artefato" criado por ele a partir de um pedaço de pedra. Da mesma forma quando um "dente inflamado" lhe incomodou e ele criou seu próprio "artefato de extração" (o patins de gelo).
Talvez tenham outros exemplos dos quais não lembro neste exato momento, mas que pode responder a questão, pelo menos em relação ao filme, na qual o homem é que deu origem à técnica, exatamente com o objetivo de fazer "correções" em sua própria "máquina": seu corpo. Bom, é apenas um "coments".

15.2.05

Homo Habilis - surge o homem, surge a tecnica.

Homo habilis, pronounced hoh moh HAB uh luhs, is considered by many anthropologists to be the oldest type of human being. Fossil evidence indicates that these prehistoric people lived in Africa about 2 million years ago. The Latin word homo means human being. Habilis means skillful or handy. Scientists gave Homo habilis this name because its fossils have been found along with some of the earliest-known stone tools. The findings suggest that Homo habilis made the tools.

Some anthropologists believe that another species of early human being, Homo rudolfensis, lived in eastern Africa at the same time as Homo habilis. These scientists think Homo rudolfensis differed from Homo habilis in having a larger brain, larger rear chewing teeth, and perhaps a larger body. Other anthropologists believe that fossils identified as belonging to Homo rudolfensis are actually those of Homo habilis males.

The first Homo habilis fossils were found at Olduvai Gorge in Tanzania in 1960. Other Homo habilis fossils were found at Lake Turkana in Kenya and at other sites in eastern and southern Africa. Some scientists believe the oldest-known Homo habilis fossil is part of the skull of a person who lived about 1,900,000 years ago. The fossil was found at Lake Turkana in 1972. Other scientists believe this fossil belongs to Homo rudolfensis.

The arm bones of Homo habilis were relatively long compared with the thighbones. For this reason, some scientists think that Homo habilis, like apes, spent a lot of time in trees.

Many anthropologists believe that Homo habilis developed from humanlike creatures called australopithecines. Homo habilis had a brain larger than that of an australopithecine but only a little more than half the size of a modern human brain. Many scientists believe that Homo habilis, in turn, developed into a more advanced type of prehistoric human being known as Homo erectus (erect human being). Homo erectus appeared in eastern Africa about 11/2 million years ago.

See also AUSTRALOPITHECUS; HOMO ERECTUS; LEAKEY, LOUIS SEYMOUR BAZETT; LEAKEY, RICHARD ERSKINE FRERE; PREHISTORIC PEOPLE (The first human beings).

Contributor: Andrew Hill, Ph.D., Professor of Anthropology, Yale University.

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15.12.04

Aristoteles - Filosofia Griega - Tecnica

No começo, Aristóteles:

Aristoteles - Filosofia Griega - Tecnica:

"Técnica
Del griego “tékhne”, significa, como en la Edad Media “ars”, arte, habilidad para la realización de cosas.        

El arte o técnica es la capacidad para hacer algo, pero a diferencia de la prudencia que se refiere al hacer en el sentido de conducirse o comportarse, la técnica nos faculta para hacer en el sentido de producir o fabricar algo (sea algo físico como una mesa o algo espiritual como un poema)."

Historia de la Filosofía. Volumen 1: Filosofía Griega.
Javier Echegoyen Olleta. Editorial Edinumen.

Filosofia e Cibercultura - O Programa

Esse blog pretende ser um canal de discussão e informação sobre filosofia da técnica, buscando compreender a cibercultura. O exercício não é fácil. A pretensão é criar um produto do curso. Assim, ele surge da metodologia da disciplina "Filosofia e Cibercultura" ( o programa está abaixo), onde busca-se, além das atividades presenciais, tarefas e incetivo à adoção da internet como espaço de diálogo e de informação.

A partir de 15 de março de 2005 começa oficialmente, mas oficiosamente ele já está na rede. O objetivo é criar um espaço de diálogo e troca de informação (links, bibliografia, resenhas, novidades, etc.) sobre o tema. Será coletivo com os alunos inscritos.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEAS

DISCIPLINA – COM540 - (Políticas de Comunicação e Cultura)
TEMA – Filosofia da Técnica e Cibercultura.
CARGA HORÁRIA – 60h
HORÁRIO – Terça das 14h as 18h, Sala 59.
PROF. DR. ANDRÉ LEMOS (alemos@ufba.br)

EMENTA
Passado o estágio de deslumbramento e de especulações em torno da cibercultura, busca-se compreender as tecnologias de comunicação e informação a partir da filosofia da técnica. Compreender a comunicação é impossível sem uma compreensão da relação do homem ao mundo, permeado pelo artifício. A técnica é constituinte do homem na construção do espaço e do tempo. Na era das tecnologias digitais, que proporcionam uma nova compreensão e vivência do espaço e do tempo contemporâneos, torna-se imprescindível empreender uma viagem às origens do fenômeno técnico sob perspectivas histórias, filosóficas e antropológicas.

PROGRAMA.
Origens e história da técnica e da tecnologia; techné, physis, poiésis; comunicação e mediação técnica do mundo; filosofia da técnica; sociologia dos dispositivos; técnica primitiva, tecnologia moderna e “novas” tecnologias; técnica, tecnologia, espaço e tempo; tecnologia, corpo e subjetividade; tecnologia e comunicação; novas tecnologias digitais e cibercultura; tecnocultura e cibercultura.

AVALIAÇAO
Trabalho final no formato de uma ensaio (15 páginas, Times New Roman, espaço 1,5, notas e bibliografias do tipo “Heidegger (1954, p. 45)”. A nota final levará em conta a participação em sala de aula e no blog “Ciberfilosofia” criado para a disciplina.

REQUISITOS
Leitura de inglês é obrigatória e a de francês é recomendável.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA (AUTORES).

Aristóteles, Platão, G. Simondon, B. Stiegler, M. Heidegger, J. Habermas, S. Aronowitz, A. Lemos, C. Ess, D. Gelernter, E. Carneiro Leão, P. Francastel, A. Mattelart, C. Castoriadis, A. Duarte Rodrigues, E. Sola Pool, A. Huyssen, D. De Moraes, L. Garcia dos Santos, M. Santos, D. Bourg, R. Scheps, R. Shields, A. Leroi-Gourhan, W. Benjamin, S. Moscovici, A. Coquelin, K. Axelos, G. Hottois, P. Rossi, J.P., Séris, O. Spengler, P. Breton, D. Bell, P. Musso, G. Hottois, S. Woolgar, B. Jacomy, V. Mosco, F. Rudiger, G. Agamben, H. Freyer, E. Manzini, A. Gras, L. Mumford.


PROGRAMA DE AULA

15/03 – Apresentação da Disciplina - Aula expositiva – Questões Gerais – Cibercultuta e tecnologia.

22/03 – Não haverá aula

29/03. Lemos (Cibercultura, parte 1 – PP. 25-57)/Heidegger (La question de la Technique - completo)/Spengler (L’Homme et la Technique, pp;.cap1 – pp.33-53; cap 3, pp. 75-91; cap 5. pp131-180)

05/04 - Leroi Gourhan (Le Geste et la Parole – cap. 1 – 09-39)/ Moscovici (La société contre nature – Introdução - pp- 7-44).

12/04 - Culture and Technologie (Murphie/Potts – pp.1-38)/Milton Santos (A Natureza do Espaço – cap. 1, 7,8,9,10,11)

19/04 - Simondon (Du Mode d’Existence des Objets Techniques – pp. 85-112 ) - / Spengler (O homem e a Técnica – introdução – 15-34)/Castoriadis (Encruzilhadas do Labirinto)A técnica, pp. 235 a 263)/

26/04 - Simondon (Du Mode d’Existence des Objets Techniques, pp. 113-152)/ Stiegler (LA technique et le temps – pp. 35-94)

03/05 – Hottois (les Philosophes et la Technique, cap. 1, 2 e 3 )/Séris (LA Tecnique, intro e cap. 1)/ Stiegler (La Technique et le Temps – 95-187)

10/05– Hottois (les Philosophes et la Technique – cap. 4, 5 e 6) /Séris (LA Tecnique, cap. 3 e 4)/ Moscovici (La société contre nature)

17/05– Hottois (les Philosophes et la Technique, cap. 7, 8 e 9) /Séris (LA Tecnique, cap. 4 e 5)

24/05– Hottois (les Philosophes et la Technique, cap 9, 10, 11 ) /Séris (LA Tecnique, cap. 6 e 7)

31/05– Não haverá aula

07/06 - Simondon (Du Mode d’Existence des Objets Techniques, pp. 153 – 178)/ Hottois (les Philosophes et la Technique, cap. 12) /Séris (LA Tecnique, cap. 8 e 9)

14/06- Habermas (Técnica e Ciência como Ideologia - todo) /Bartholo Jr. (Os Labirintos do Silencio, cap. 1, 7, 8) / Axelos (Méthamorphoses, pp.21—56)

21/06 – Denis de Moraes (Filosofia da Ciência e da Tecnologia., pp.99-153)/Marcondes Filho (O escavador de silêncios, pp. 352-380)

28/06 – Rudiger (Introdução às Teorias da Cibercultura., cap 1 e 2)/ (Garcia dos Santos (Politizar as Novas Tecnologias. Cap. 5, 6, 7, 8, 15, 16, 17)/Aronowitz (Technoscience and Cybercutlure, cap. 1 – pp.7-28)


BIBLIOGRAFIA

Agamben, G., L’Homme sans contenu., Paris, Circé,1996.
Aranowitz, S (org). Technoscience and Cyberculture., Routledge, 1996.
Aristóteles, Métaphysique., J.Vrin, Paris., 1991.
Axelos, K., Métamorphoses, Paris, Minuit, 1991.
Bartholo Jr. R. S., Os Labirintos do Silêncio, Rocco, 1986.
Castoriadis, C., As Encruzilhadas do Labirinto 1., Paz e Terra, 1987.
Ess, Charles (ed)., Philosophical Perspectives on Computer-Mediated Communication., State University of NY Press., NY, 1996.
Garcia dos Santos, L., Politizar as Novas Tecnologias., ed. 34, 2004.
Habermas, J., La Technique et la Science comme Idéologie., Paris, Gallimard, 1973
Heidegger., M. Essais et Conférences., Paris, Gallimard, 1958.
Hottois, G., Chabot, P., Les Philosophes et la Technique., Paris, Vrin, 2003.
La Mettrie. L’Homme Machine., Paris, Denoel., 1981.
Lemos, A., Cibercultura., Porto Alegre, Sulina, 2004.
Leroi Gourhan, A., Le Geste et la Parole I. Technique et Langage., Albin Michel, 1964
Marcondes Filho, C., O escavador de silêncios., Paulus, 2004.
Moraes, R. De., Filosofia da Ciência e da Tecnologia., Papirus, 1988.
Moscovici, S. La société contre nature., Paris, 10/18,1972.
Murphie, A., Potts,J., Culture and Technology., Palgrave, 2002.
Rudiger, F., Introdução às teorias da Cibercutlura., Sulina, 2004.
Santos, M., A Natureza do Espaço., Edusp, 2004.
Séris, J-P., La Technique., Paris, PUF, 1994.
Simondon, G., Du Mode de’Existence des Objets Techniques., Paris, Aubier, 1958.
Spengler, O. L’homme et la technique., Paris, NRF Gallimard, 1958.
Steigler, B. LA Technique et le Temps I, Paris, Galilée., 1994,